terça-feira, 29 de setembro de 2015

MARY´S CHAPEL, A LOJA MAÇÔNICA MAIS ANTIGA DO MUNDO


MARY´S CHAPEL, A LOJA MAÇÔNICA MAIS ANTIGA DO MUNDO

Por Vitor Manoel Adrião

Quem passa em Hill Street junto à porta n.º 19, não deixa de reparar no invulgar do seu aspecto, desde as colunas jónicas laterais até um misterioso emblema gravado por cima da entrada, que tem sido motivo das mais desencontradas leituras por aqueles que desconhecem estar diante da Mary´s Chapel n.º 1 de Edimburgo, a mais antiga Loja Maçônica activa do Mundo.
Esse emblema esculpido em pedra sobre a entrada principal portando a data 1893, nasceu de um projeto apresentado pelo Venerável Mestre Dr. Dickson no Lyric Club em 6 de Outubro desse ano e que se destinava a ser colocada aqui. Consiste num hexalfa dentro de um círculo tendo ao centro a letra G resplandecente. O hexalfa ou estrela de seis pontas com dois triângulos opostos entrelaçados circunscrito pelo círculo, designa a Harmonia Universal, a Alma Universal alentada pelo G raiado indicativo de Geómetra, o Grande Arquiteto do Universo, portanto, God ou Deus, que como Espírito (triângulo vertido) elabora a Matéria (triângulo vertido), ambos os princípios não prescindido um do outro (triângulos entrelaçados) para que a Grande Obra do Universo (a sua evolução e expansão incluindo todos os seres viventes dele) seja justa e perfeita, o que se assinala no círculo. Em linguagem Maçônica, isso quer dizer que os trabalhos de Loja possuem retidão e ordem. Em linguagem hermética ou segundo os princípios de Hermes, o Trismegisto, significa “o que está em cima é como o que está em baixo, e vice-versa, para a realização da Grande Obra”.

Nesse emblema aparecem também muitas marcas em forma de runas pictas (isto é, a dos primitivos habitantes da Escócia, os pictos, que estabeleceram o seu próprio reino) e símbolos de graus maçónicos que vêm a designar em cifra, correspondendo à marca Maçônica pessoal, os nomes dos Oficiais da Grande Loja da Escócia e da Loja de Edimburgo nesse ano de 1893 da qual esta Loja de Mary´s Chapel faz parte como número 1. Com efeito, entre os triângulos e o círculo aparece a sigla LEMCNºI, “Loja (de) Edimburgo Mary´s Chapel n.º 1”, e dentro dos triângulos 12 símbolos correspondentes aos 12 Oficiais desta Loja, enquanto os 4 símbolos fora do círculo designam os 4 Oficiais da Grande Loja presentes quando se aprovou esta peça artística. Como exemplo único evitando indiscrições, repara-se no H com o Sol Levante por cima: é a marca pessoal de George Dickson, Venerável Mestre desta Loja de Edimburgo em 1893.


Leva a designação atual de Loja de Edimburgo porque Mary´s Chapel (Capela de Maria), onde a Loja funcionou originalmente, não existe mais. Ela foi fundada e consagrada à Virgem Maria, no centro de Niddry´s Wynd, por Elizabeth, condessa de Ross (Escócia), em 31 de Dezembro de 1504, sendo confirmada por Carta do rei James IV em 1 de Janeiro de 1505. A capela foi demolida em 1787 para a construção de uma ponte no sul da cidade.



Esta Loja é a número 1 na lista da Grande Loja da Escócia (estabelecida em 30 de Novembro de 1736) por lhe ser muito anterior possuindo a ata de uma sessão Maçônica datada de 31 de Julho de 1599, constituindo o documento maçónico mais antigo do mundo e num tempo de transição entre a Maçonaria Operativa e a Maçonaria Especulativa, posto a existência desta Ordem poder-se repartir por três períodos distintos: 1.º) Maçonaria Primitiva (terminada com os colégios de artífices romanos, osCollegia Fabrorum); 2.º) Maçonaria Operativa (terminada em 1523); Maçonaria Especulativa (iniciada em 1717). Por esse motivo, foi nesta Loja de Mary´s Chapel que William Shaw (c. 1550-1602), Mestre de Obra do James VI da Escócia e Vigilante Geral do Ofício de Construtor, apresentou os seus famosos Estatutos Shaw datados de 28 de Dezembro de 1598, apercebendo-se pelo texto que ele além de pretender regular sob sanções a Arte Real dos artífices, procurava estabelecer uma separação entre os maçons operativos e os cowan, isto é, profanos.


O fato de aqui redigir-se uma acta Maçônica em 1599, pressupõe que a Loja é anterior a esse ano e estaria organizada e ativa desde data desconhecida. Seja como for, esta também foi a primeira Loja Maçônica antes de 1717 a admitir membros que não fossem construtores: Sir Thomas Boswell, Escudeiro de Auschinleck, Escócia, foi nomeado Inspetor de Loja em 1600, o que constitui a primeira informação relativa a um elemento não profissional recebido em Loja de Construtores Livres. Outros autores dão o nome como John Boswell, Lord de Auschinleck, admitido como maçom aceito nesta Loja. Este John Boswell é antecessor de James Boswell, que foi Delegado do Grão-Mestre da Escócia entre 1776 e 1778.


As atas de 1641 desta Loja Mary´s Chapel igualmente indicam que maçons especulativos foram iniciados nela. Nesse ano foram iniciados Robert Moray (1609-1673), general do Exército Escocês e filósofo naturalista, Henry Mainwaring (1587-1653), coronel do Exército Escocês, e Elias Ashmole (1617-1692), sábio astrólogo e alquimista. Reconheceu-se aos três novos membros o título de maçons, mas como não gozavam dos privilégios dos autênticos obreiros, pois o cargo era somente honorário, foram denominados como accepted masons.


Ainda sobre Robert Moray, Roger Dache, do Institut Maçonnique de France, informa que aquando da sua iniciação Moray recebeu como marca Maçônica pessoal o pentagrama ou estrela de cinco pontas, muito comum na tradição dos antigos construtores, com a qual se identificou bastante e a utilizou nas assinaturas de diversos documentos. Ainda sobre Elias Ashmole, G. Findel, na sua História da Maçonaria, diz que há uma confusão nas datas sobre a sua iniciação Maçônica: Ashmole terá sido iniciado em 16 de Outubro de 1646 em uma Loja de Warrington, Inglaterra, mas o fato é que o próprio escreve no seu Diário ter sido iniciado em Edimburgo em 8 de Junho de 1641.


Em 1720, o artista italiano Giovanni Francesco Barbieri apresentou na Loja Mary´s Chapel um trabalho lavrado em reproduzindo com muita fidelidade a Lenda de Hiram, ou seja, o fenício Hiram Abiff que era o chefe dos construtores do primitivo Templo de Salomão, em Jerusalém. Sabendo-se que essa Lenda foi incorporada ao ritualismo maçônico cerca de 1725, conjectura-se que Giovanni possa ter sido um dos maçons aceitos da época e que a Lenda já era parte da ritualística Maçônica em Mary´s Chapeldesde muito antes.


Há ainda o registo da visita de Jean-Theophile Désaguliers (1683-1744) à Loja Mary´s Chapel em 1721, visita estranha do filósofo francês Vice-Grão-Mestre (em 1723 e 1725) da recém-formada Grande Loja de Inglaterra. Os maçons escoceses duvidaram do seu estatuto e sujeitaram-no a rigoroso inquérito em 24 de Agosto de 1721, até finalmente acreditarem nele e aceitarem-no com as regalias do cargo. Seja como for, não parece que as pretensões de Désaguliers tenham obtido o êxito que procurava, talvez por motivos de recusa de sujeição dos maçons escoceses aos maçons ingleses, o que recambia para a antiga questão independentista.


Foram ainda iniciados nesta Loja de Edimburgo o príncipe de Gales, depois rei Eduardo VII (1841-1910), e o rei Eduardo VIII (1894-1972), que abdicaria do trono britânico para poder casar com a americana Bessie Wallis Warfield. A caneta com que assinaram o documento da sua iniciação é conservada no museu desta Loja, que o visitante pode ver entre outros objetos relacionados com a longa história dos maçons de Mary´s Chapel.


Aqui fica, em síntese simplificada para o leitor não familiarizado com estes assuntos, a história da Lodge of Edinburgh n.º 1 (Mary´s Chapel), aliás, desconhecida de muitos maçons apesar de ser a mais antiga da Escócia e do Mundo.
Fonte: Lusophia

NOSTRADAMUS


NOSTRADAMUS


Não há registros da infância e adolescência de Nostradamus.
Em 25 de outubro de 1529, um rapaz de 26 anos matricula-se na Faculdade de Medicina de Montpellier, na França. Os registros do estabelecimento de ensino conservam até hoje a data dessa matrícula, acompanhada da assinatura do estudante: Michel de Nostradame.
Trata-se de um dos raríssimos autógrafos daquele que viria a ser um mito que atendia pelo nome de Nostradamus. É provável que ele tenha recebido seu título de médico por volta de 1533 e merecido a fama de aluno assíduo e brilhante na universidade. Sabe-se, que seus mestres reconheciam nele habilidades originais.
Sua formação acadêmica, porém, data de antes desses registros. Michel de Nostradame matriculou-se pela primeira vez em Montpellier em 1521. Recebeu o diploma de “bacharel em medicina” em 1525 e ganhou imediatamente as estradas da Provença e do sudoeste, para combater a peste que assolava o sul da França. Durante três anos, visitou cidades e campos, correndo riscos, na tentativa de conter a terrível calamidade.

No relato documental Histoire et chronique de Provence (História e Crônica da Provença), Cesar, o filho de Nostradamus escreveu em 1614 que o pai retornou desse périplo “aureolado de hipocrática”. Teria ficado célebre por elaborar um vinagre de substâncias aromáticas com propriedades antissépticas e um misterioso “pó curativo contra o contágio”. Propenso a elogiar o pai, Cesar de Nostradame exagerou, sem dúvida, sua ciencia e notoriedade. Nostradamus desenvolveu, efetivamente, tais remédios contra a peste, mas somente 20 anos depois da primeira fase de viagens e por ocasião de outra epidemia que devastou o vale do Rhône, a partir de 1546. Note-se, porém, que isso não diminuiu a competência nem a coragem do jovem bacharel durante a peste.


A partir de 1533, já médico em tempo integral, Nostradamus retornou às estradas da Provença, hábito muito praticado entre os doutores da época.


Nostradamus vivia de suas consultas, durante a peregrinação entre cidades e vilarejos, e, durante suas caminhadas colhia ervas medicinais que macerava à noite.


Era meio alquimista, como todos os da profissão, e também recorria à estranha farmacopéia da época. Usava pós oriundos das vísceras e tecidos animais, moeduras minerais e mesmo excrementos. O resultado era vendido em barracas de feira na forma de poções, unguentos e “drágeas”. A produção e a venda dos remédios também eram parte importante da renda de generalistas nômades, meio feiticeiros, meio boticários, que percorriam a França do século XVI, Consta que Nostradamus ganhava bem.


As Viagens
As extravagâncias e as provocações de Scaliger exasperaram o inquisidor de Toulouse. Para escapar de qualquer perseguição, Nostradamus refugiou-se na cidade de Bordeaux e, em seguida, em La Rochele. Em 1540, retomou suas viagens.


Perdem-se nesse ponto alguns importantes registros de sua história. Reza a lenda que ele teria percorrido França, Alemanha, Itália, Espanha e até mesmo que teria se iniciado nas ciências ocultas à sombra da esfinge, no Egito. Sabe-se com segurança que passou por muitas regiões da França.


Deixou vestígios incontestáveis na atual região da Alsácia-Lorena e não é improvável que tenha atravessado o rio Reno e chegado à Alemanha. Sua presença na Itália também é quase certa, em Gênova, Florença, Turim e Milão. O resto é literatura.


O fio da meada da vida de Nostradamus reaparece por volta de 1545, na França, quando uma nova epidemia eclodiu em Aix. A cidade recordaria durante muito tempo o “carvão provençal”, doença assim chamada por escurecer radicalmente a epiderme dos afetados. “As pessoas atacadas por essa doença”, escreveria mais tarde César de Nostradame, “perdem a esperança de salvação”.


Nostradamus mostrou nessa época a coragem, determinação e generosidade de 20 anos antes. Seguiu o flagelo em cada canto daquela região e desenvolveu seu célebre “pó excelente para eliminar os odores pestilenciais”. À base de serragem de cipreste, íris de Florença, âmbargris, cravo-da-índia, almíscar, aloé e rosas encarnadas, aparentemente o produto tinha um efeito profilático real, pois seu inventor foi homenageado em Aix, já libertada da moléstia. Em Lyon, onde a peste chegou em 1547, o remédio também fez maravilhas.


No outono de 1547, Nostradamus retorna a Provença, casa-se pela segunda vez, com Anne Ponsard, que lhe deu oito filhos.


Como todo prático da época, Nostradamus era “astrófilo”, ou seja, seguia os princípios da medicina astrológica, herdada de Galeno, Averróis e Ptolomeu. A alma, o corpo e suas enfermidades estavam ligados ao Sol, à Lua e aos astros. A astrologia figurava no currículo da universidade. Por isso todo médico era um fazedor de horóscopos.


Para complementar a renda, a partir de 1550, Nostradamus passou a publicar anualmente um almanaque de conselhos e previsões meteorológicas. Em 1555, editou suas sete primeiras “centúrias”, um conjunto de versos codificados, supostamente previsões do futuro.


No mesmo ano, lançou o livreto, Tratado sobre as maquiagens e os confeitos. O sucesso foi tanto que se seguiram numerosas reedições. Nostradamus o aprimorava cada vez mais a cada reedição novas receitas de beleza e gastronomia. Embora estejam em francês antigo, salpicado de latim e provençal, as receitas têm ainda o mérito de ser inteligíveis. O que não é bem o caso de suas profecias.


Jean-Louis De Degaudenzi
As profecias de Nostradamus são chamadas de “centúrias” porque se compõem de quadras reunidas em grupos de 100. Foram publicadas em tempos diferentes, algumas das quais depois de sua morte . As falsificações também foram muitas, ao longo dos séculos. Uma parte do que se apresenta ainda hoje como obra do médico foi, antes, arte de espertalhões.


Fonte: revista História Viva. ano VI. nº 66

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Templarios


Templarios



“Não por nós, Senhor, não por nós, mas para que seu nome tenha a Glória.”

A Ordem Templária foi fundada em Jerusalém em 1118, logo após a Primeira Cruzada, mesmo havendo alguns indícios de ter sido fundada quatro anos antes. Seu nome está relacionado ao local de seu primeiro quartel-general, no lugar do antigo Templo de Salomão.

Nove monges veteranos dessa Primeira Cruzada, entre eles Hugues de Payens e Godofredo de Saint Omer, reuniram-se para fundar a Ordem em defesa da Terra Santa. Pronunciaram perante o patriarca de Jerusalém, Garimond, os votos de castidade, de pobreza e de obediência, comprometendo-se, solenemente, a fazer tudo aquilo que estivesse ao seu alcance para garantir as rotas e os caminhos e a defender os peregrinos contra os assaltos e os ataques dos infiéis. Foi dada a fundação da Ordre de Sion (Ordem de Sião) a Godofredo de Bouillon, por volta de 1099. A original Ordem de Sião foi estabelecida para que muçulmanos, judeus e outros indivíduos elegíveis pudessem aliar-se à Ordem cristã e tornar-se Templários.

Freqüentemente podemos encontrar os Templários sendo denominados Soldados de Cristo (Christi Milites), Soldados de Cristo e do Templo de Salomão. A regra que lhes foi concedida por ocasião do Concílio de Troyes, em Champagne, é: Regula pauperum commilitonum Christi Templique Salomonici.

Eles, no começo, viviam exclusivamente da caridade, e tamanha era sua pobreza que não podiam ter mais do que um só cavalo cada um. O antigo sinete da Ordem, no qual aparece a representação de dois cavaleiros em um só cavalo, comprova essa humildade primitiva.

O bispo de Chartres escreveu a respeito dos Templários em 1114, chamando-os de Milice du Christi (Soldados de Cristo).

O primeiro Grão-Mestre da Ordem foi Hugues de Payens, certamente um homem superior. Durante toda a sua vida, testemunhou um pensamento seguro e uma indomável coragem. Inspirado pelo espírito cavalheiresco de seu século, ele não podia ter se tornado apenas um cruzado cujo nome caiu no esquecimento, como o de tantos outros nobres e bravos senhores. Era grandioso armar-se com oito soldados contra legiões numerosas; oferecer-se, sob um céu implacável, aos golpes de um inimigo que observava atentamente sua empreitada e que podia afogá-lo definitivamente, já no primeiro combate, no sangue de seu punhado de bravos.

E foi assim que viveram durante dez anos. Sem pedir reforços nem subsídios, nenhuma recompensa, nenhuma prebenda esperava por eles. Viviam segundo suas próprias leis, vestidos e alimentados pela caridade cristã.

Martin Lunn, em seu livro Revelando o Código de Da Vinci (Madras Editora), fala-nos do Priorado de Sião, que compartilhava com a Ordem do Templo (Cavaleiros Templários) o mesmo Grão-Mestre; eram dois braços da mesma organização até algo conhecido como a “Corte do Olmo”, que aconteceu em Gisors, em 1118. Essa separação entre as duas Ordens foi supostamente causada pela chamada “traição” do Grão-Mestre Gerard de Ridefort que, de acordo com os Dossiês Secretos, resultou na perda de Jerusalém pela Europa para os sarracenos.

Quando do Concílio de Troyes (1128), Hugues e outros seis Cavaleiros compareceram diante dos mais altos dignitários da Igreja. O papa e o patriarca Étienne lhes deram um hábito, e o célebre abade de Clarval, São Bernardo de Clairvaux, encarregou-se da composição de sua regra, modificando parcialmente os estatutos primitivos da sociedade. Foi também São Bernardo quem revitalizou a Igreja Celta da Escócia e reconstruiu o mosteiro de Columba, em Iona (tal mosteiro havia sido destruído em 807 por piratas nórdicos). O juramento dos Cavaleiros Templários a São Bernardo exigia a “Obediência de Betânia – o castelo de Maria e Marta”.

Durante a era das cruzadas, que perfazem um total de oito e as quais continuaram até 1291 no Egito, na Síria e na Palestina, apenas a primeira, de Godofredo, foi de alguma utilidade, como afirma Laurence Gardner, um magnífico autor de nossa editora: “(…) Mas mesmo essa foi desfigurada pelos excessos das tropas responsáveis que usaram sua vitória como desculpa para o massacre de muçulmanos nas ruas de Jerusalém. Não apenas Jerusalém era importante para os judeus e cristãos, porém se tornara a terceira Cidade Santa do Islã, após Meca e Medina. Como tal, a cidade até hoje está no cerne de contínuas disputas. (Embora os muçulmanos sunitas considerem Jerusalém sua terceira cidade Sagrada, os muçulmanos xiitas colocam-na em quarto lugar após Carabala, no sul do Iraque.)

A segunda cruzada para Odessa, liderada por Luiz VII da França e pelo imperador alemão Conrado III, fracassou miseravelmente. Então, cerca de cem anos após o sucesso inicial de Godofredo, Jerusalém caiu sob o poder de Saladino do Egito, em 1187. Foi quando engatilhou a terceira cruzada de Felipe Augusto, da França, e Ricardo Coração de Leão, da Inglaterra, que, entretanto, não conseguiram recuperar a Cidade Santa. A quarta e quinta cruzadas concentraram-se em Constantinopla e Damieta. Jerusalém foi retomada brevemente dos sarracenos após a sexta cruzada, mas ficou longe de reverter a situação. Por volta de 1291, a Palestina e a Síria estavam firmemente sob o controle muçulmano e as cruzadas haviam terminado.

Vejamos alguns preceitos da nova legislação, mas é importante lembrarmos que nessa época os cavaleiros não eram classificados em graus como os nobres. Todo homem que não fosse sacerdote ou servo podia aspirar à Cavalaria e à nobreza moderna tinha aí sua origem. A partícula de não indicava seus nomes, mas a cidade, a vila ou o lugarejo que habitavam. Mais tarde, o nome de sua residência transformou-se em seu nome de família.

Todos os cavaleiros que tenham professado vestem mantos brancos de comprimento médio. Os mantos usados são entregues aos Escudeiros e irmãos servos, ou aos pobres.

Os mantos brancos que os escudeiros e servos vestiam originalmente foram substituídos por mantos negros ou cinzas.

Apenas os cavaleiros vestem mantos brancos.

Cada cavaleiro possui três cavalos, pois a pobreza não permite que tenham mais que isso.

Cada cavaleiro tem somente um escudeiro ao qual não poderá castigar, já que ele o serve gratuitamente.

Ninguém pode sair, escrever ou ler cartas sem autorização do Grão-Mestre.

Os cavaleiros casados habitam à parte e não vestem clâmides ou mantos brancos.

Os cavaleiros seculares que desejam ser admitidos no Templo serão examinados e ouvirão a leitura da regra antes de seu noviciado.

O Grão-Mestre escolhe seu capítulo dentre seus Irmãos. Nos casos importantes que dizem respeito à Ordem ou na admissão de um Irmão, todos podem ser chamados para o capítulo, se essa for a vontade do chefe.

Na obra A História dos Cavaleiros Templários, de Élize de Montagnac, da Madras Editora, encontramos um texto muito oportuno a respeito da iniciação, que passamos a transcrever: “(…) Os estatutos e regulamentos recomendavam, acima de tudo, a prece, a caridade, a esmola, a modéstia, o silêncio, a simplicidade, o desdém à riqueza e à opulência, a abnegação, a obediência, a proteção aos pobres e oprimidos; cuidar dos enfermos; o respeito aos mortos entre outros”. Tal Código de regras é composto de 72 artigos e foi descoberto em 1610, em Paris, por Aubert-le-Mire, cientista e historiador, decano de Anvers.

Mas a cada dia os regulamentos concernentes à hierarquia, à disciplina e ao cerimonial eram ajustados e adaptados ao Código Latino, assim declarado perfectível.

“Portanto não é de se surpreender que, além desse, hoje são conhecidos outros três códigos manuscritos, os quais não são nada mais do que sua continuação. Um foi descoberto em 1794, na biblioteca do príncipe Corsini, pelo cientista dinamarquês Münster; o outro foi encontrado na biblioteca Real por M. Guérard, conservador e restaurador; o terceiro foi encontrado nos arquivos gerais de Dijon por M. Millard de Cambure, mantenedor dos arquivos de Borgúndia.”

E desse último, datado de 1840, é que extraímos a descrição do modo de iniciação dos irmãos cavaleiros; a verdade sobre essas recepções nos sugere serem elas revestidas de um grande interesse, após as absurdas e terríveis lendas que as cercam. Por favor, observem a quantidade de coincidências com nossos rituais (maçônicos).

“Antes que um novo Irmão fosse recebido, era necessário sondar os espíritos para saber se ele vinha de Deus: Probate Spititus, si ex Deo Sunt. Em razão disso, ao longo de certo período, impunham-se ao candidato diversas privações de todas as naturezas; incumbiam-lhe os trabalhos mais pesados e baixos da casa, tais como: cuidar do fogão e da cozinha, girar o moinho, cuidar das montarias, tratar dos porcos, etc. Após isso, procedia-se à admissão, a qual era feita da seguinte forma:

A Assembléia reunia-se, ordinariamente, à noite. O candidato esperava do lado de fora; por três vezes, dois cavaleiros se dirigiam a ele para perguntar-lhe o que ele desejava; e por três vezes o candidato respondia que era sua vontade adentrar a Casa. A seguir, então, o candidato era conduzido à Assembléia, e o Grão-Mestre, ou aquele que presidia a sessão em seu lugar, apresentava-lhe tudo de rude e penoso que o aguardava naquela vida em que estava prestes a entrar. Dizia-lhe: ‘Devereis ficar desperto e alerta quando mais quiserdes dormir, suportar o cansaço quando mais quiserdes repousar. Quando sentirdes fome e quiserdes comer, ser-vos-á ordenado que vades aqui ou acolá, sem vos ser dada nenhuma explicação ou motivo. Pensai bem, meu querido Irmão, se sereis capaz de sofrer todas as asperezas.’ Se o candidato respondesse ‘Sim, eu me submeterei a todas, se assim agradar a Deus!’, o Mestre complementava: ‘Estai ciente, querido Irmão, de que não deveis pedir a companhia da Casa para obter benesses, honrarias e riquezas, nem satisfazer o vosso corpo, principalmente em relação a três aspectos:

1º, Evitar e fugir dos pecados deste mundo;

2º, Servir ao nosso Senhor;

3º, Ser pobre e fazer a penitência nesta vida para a santidade da alma.

Sabei também que sereis, a cada dia de vossa existência, um servo e escravo da Casa.

Estais certo de vossa decisão?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.

‘Estais disposto a renunciar para sempre à vossa própria vontade, e nada mais fazer além daquilo que vos for determinado?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor’.

‘Então, retirai-vos e orai a nosso Senhor para que Ele vos aconselhe’.

Assim que o candidato se retirava, o presidente da Assembléia continuava: ‘Beatos senhores, puderam constatar que essa pessoa demonstrou ser possuidora de um grande desejo de ingressar na Casa, e declarou estar disposta a dedicar toda a sua vida como servo e escravo. Se há entre vocês alguém que saiba alguma coisa que possa impedir que essa pessoa seja recebida como cavaleiro, que nos dê conhecimento agora, pois, após sua admissão, ninguém mais terá crédito para fazê-lo’. Caso nenhuma contestação fosse apresentada, o Mestre perguntava: ‘Admitamo-lo como oriundo de Deus?’

‘Por inexistir qualquer oposição, fazei-o retornar como vindo de Deus.’

Então um dos membros que se manifestaram saía ao seu encontro e o instruía como ele deveria pedir seu ingresso.

Retornando à Assembléia, o recipiendário ajoelhava-se e, com as mãos postas, dizia:

‘Senhor, eu compareço perante Deus, perante vós e perante os Irmãos, para vos pedir e implorar em nome de Deus e de Nossa Senhora que me acolham em vossa Irmandade, e nos benefícios da Casa, espiritual e materialmente, como um que será servo e escravo da Casa, em cada um dos dias de toda a sua vida.’

O presidente da Assembléia lhe respondia: ‘Pensastes bem? Ainda pensais em renunciar à vossa vontade em favor do próximo? Estais decidido a submeter a todas as dificuldades e asperezas que vigoram na Casa e a cumprir tudo aquilo que vos for mandado?’

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’

E continuava o presidente, agora se dirigindo aos cavaleiros presentes à Assembléia:

‘Então levantem-se, nobres senhores, e orem a Nosso Senhor e a Nossa Senhora Santa Maria pedindo que ele seja bem-sucedido.’

Em seguida, cada um deles recitava um Pai-Nosso, enquanto os capelães recitavam a oração ao Espírito Santo, e, em seguida, traziam o Evangelho, sobre o qual o recipiendário prestava o seu juramento de responder com franqueza, sinceridade e lealdade às questões seguintes:

1º, Não tendes nem esposa nem noiva?

2º, Não estais engajado em nenhuma outra Ordem; não fizestes nenhum outro voto, juramento ou promessa?

3º, Tendes alguma dívida convosco mesmo ou com algum outro, a qual não vos seja possível pagar?

4º, Estais em plena saúde física?

5º, Não destes, ou prometestes dar, dinheiro a nenhuma pessoa para que, assim, facilitasse vossa admissão à Ordem do Templo?

6º, Sois filho de um cavaleiro e de uma dama; pertencem vossos pais à linhagem dos cavaleiros?

7º, Não sois nem padre, nem diácono, nem subdiácono?

8º, Não fostes excomungado?

Procurai não mentir, pois, se o fizerdes, sereis considerado perjuro e tereis de abandonar a Casa.

Concluído esse interrogatório, o Grão-Mestre, ou aquele que substituía, ainda se dirigindo à Assembléia, indagava se ainda havia algumas outras perguntas a serem formuladas e, caso reinasse o silêncio, ele se voltava ao recipiendário, dizendo:

‘Ouvi bem, meu caro Irmão, o que ainda vos vamos pedir:

Prometei a Deus e a Nossa Senhora que, ao longo de toda a vossa vida, obedecereis ao Mestre do Templo e ao comandante sob cujas ordens estareis sujeito.

E mais: que todos os dias de vossa vida vivereis imaculado.

E mais ainda: prometei a Deus e a Nossa Senhora Santa Maria que, em todos os dias de vossa vida, respeitareis os bons costumes vigentes na Casa e aqueles que os Mestres e os doutos haverão de acrescentar.

Mais: que, em cada um dos dias de vossa vida, ajudareis, com todas as forças e com todo o poder que Deus vos outorgou, a conquistar a Terra Santa de Jerusalém e a proteger e defender as propriedades dos cristãos.
E ainda: que jamais abandonareis essa religião em favor de outra, seja ela qual for, sem permissão do Grão-Mestre e da Assembléia, etc.’

E a cada vez o futuro Cavaleiro devia responder:

‘Sim, se assim agradar a Deus, Senhor.’

Isso feito, aquele que conduzia a Assembléia assim anunciava sua admissão:

‘Vós, por Deus e por Nossa Senhora, por São Pedro de Roma, por nosso Padre Apóstolo e por todos os Irmãos do Templo, acolhei, vosso pai e mãe, e todos aqueles que foram acolhidos em vossa linhagem e em todos os benefícios que já fizeram e farão. E vos comprometeis sobre o pão e sobre a água e sobre a pobre vestimenta da Casa, do sacrifício e do trabalho farto.’

A seguir, tomando o manto do templário, ele o colocava no pescoço do novo cavaleiro, seguido pelo Irmão capelão que entoava o salmo:

‘Ecce quam Bonum et quam jucundum habitare in unum…’ (‘Oh! Quão bom e quão agradável viverem unidos os Irmãos!…’)

Segundo M. Mignard, algumas vezes, durante as iniciações, eles entoavam alguns versículos dos Salmos, ou alguma alocução em alusão ao espírito da fraternidade, como o Salmo 133. E a oração do Espírito Santo;

‘O Espírito de Deus me criou e o sopro do Todo-Poderoso me deu a vida.’


(João 33: 4)
Veni, Creátor Spíritus
[ Ao Espírito Santo]Veni, Créator Spíritus,
[Espírito criador ]


Mentes tuórum visita,
[Visita a alma dos teus]


Imple supérna grátia,
[Nos corações que criaste]


Quae tu creásti péctora.
[derrama a graça de Deus]


Qui díceris Paráclitus,
[Ó fogo quem vem do alto,]


Altíssimi donum Dei,
[Teu nome é consolador,]


Fons vivus, ignis, cáritas,
[Unção espiritual,]


Et spiritális únctio.
[perene sopro de amor.]


Tu septifórmis múnere,
[Por Deus Pai tão prometido,]


Dígitus patérnae déxterae,
[És dedo da sua mão,]


Tu rite promíssum Patris,
[Os teus sete dons são fonte]


Sermóne ditanas gútura.
[De toda vida e oração]


Accénde lúmen sénsibus.
[Acende o lume das mentes,]


Infunde amórem córdibus.
[Infunde em nós teu amor;]


Infirma nostri córporis,
[nossa carne tão frágil,]


Virtúte firmans pérpeti.
[sustenta com teu vigor.]


Hostem repéllas lóngius,
[Atira longe o inimigo,]


Pacémque dones prótinus,
[Conserva em nós tua paz,]


Ductóre sic te praevio,
[A ti queremos por guia,]


Vitémus omne nóxium.
[noss’alma em ti se compraz]


Per te sciámus da Patrem,
[Ao Pai e ao Filho possamos]


Noscámus atque Fíluim,
[Em tua luz conhecer;]


Teque utriúsque Spíritum
[Dos dois tu és o Espírito,]


Credámus omni témpore.
[O sol de todo saber.]


Deo Patri glória
[Louvemos ao Pai celeste,]


Et Filio qui a mórtuis
[Ao Filho que triunfou,]


Surréxit, ac Paráclito,
[E a quem, de junto ao Pai,]


In saeculórum saecula. Amen.
[à santa Igreja enviou. Amém.]



…então aquele que tornou Irmão o novo cavaleiro levanta-o e, convidando-o a sentar-se diante de si, diz: ‘Caro Irmão, nosso Senhor vos conduziu ao vosso desejo e vos introduziu em uma fraternidade tão bela como esta Cavalaria do Templo, pela qual deveis dedicar extrema atenção para jamais cometer algo que vos faça perdê-la – que assim Deus vos conserve!’

Finalmente, depois de enumerar as causas que poderiam acarretar a perda do hábito e da Casa, depois de ter lido para ele os regulamentos disciplinares, acrescentava:

‘Já vos dissemos as coisas que deveis fazer e as coisas das quais deveis manter-se afastado… E, se por acaso não abordamos tudo o que deveria ser dito sobre os nossos deveres, vós indagareis. E Deus vos ajudará a falar e a fazer o bem. Amém!’ (referência ao maior deus egípcio Amon). (Nesse momento, o Grão-Mestre selava com os lábios o cóquis (cóccix), o fim ou início da espinha dorsal, que é o equilíbrio do homem, seu eixo central, um chacra, que são pontos energéticos no corpo humano.)

Pois bem, aí está, segundo as únicas regras conhecidas, como eram realizadas as cerimônias de iniciação qualificadas de infames, e nas quais eram ultrajadas tanto a divindade como a moral; mas nas quais, na realidade, o maior crime cometido era o de continuarem secretas.

O mistério com o qual os templários cercavam suas reuniões enchia de terror a imaginação dos contemporâneos daquela época, e não foge muito de nossa época também. Em geral, tudo o que os homens não podiam ver ou compreender adquiria, aos seus olhos, as mais sinistras tonalidades. Em 1789, quando a população sitiou a Bastilha, imaginava-se ser de boa-fé trabalhar pela libertação de grandes grupos de prisioneiros abandonados nas celas das prisões. Qual não foi o seu espanto ao ver as vítimas do despotismo real? Não havia mais do que sete, entre os quais falsários e dois desequilibrados mentais”.

A influência templária cresceu rapidamente. Os templários guerrearam heroicamente nas diversas cruzadas e também chegaram a ser os grandes financiadores e banqueiros internacionais da época; em conseqüência, acumularam grandes fortunas. Calcula-se que, antes da metade do século XIII, eles possuíam nove grandes propriedades rurais apenas na Europa. O Templo de Paris foi o centro do mercado mundial da moeda, e sua influência, assim como sua riqueza, era também muito grande na Inglaterra. No fim do mesmo século, diz-se que haviam alcançado uma receita cujo montante era equivalente a dois milhões e meio de libras esterlinas atuais, ou seja, maior que a de qualquer país ou reino europeu daqueles dias. Acredita-se que, a essa altura, os templários eram cerca de 15 ou 20 mil cavaleiros e clérigos; porém, ajudando-os, havia um verdadeiro exército de escudeiros, servos e vassalos. Pode-se conceber uma influência com base no fato de que alguns membros da Ordem tinham a obrigação de assistir aos grandes Concílios da Igreja, como o Concílio de Lateranense, de 1215, e o de Lyons, de 1274.

Os cavaleiros templários trouxeram para o Ocidente um conjunto de símbolos e cerimônias pertencentes à tradição maçônica, e possuíam um certo conhecimento que agora é transmitido somente nos Graus filosóficos e capitulares da Maçonaria. Desse modo, a Ordem era também um dos depositários da sabedoria oculta na Europa durante os séculos XII e XIII, embora os segredos completos fossem dados somente a alguns membros; portanto, suas cerimônias de admissão eram executadas pelo Grão-Mestre, ou Mestre que esse designasse, pois eram estritamente religiosas e em absoluto segredo, como já mencionamos. Por causa desse segredo, a Ordem sofreu as mais terríveis acusações.

Há também uma passagem no ritual templário, na qual o pão e o vinho eram consagrados em capítulo aberto durante uma esplêndida cerimônia: tratava-se de uma verdadeira eucaristia, um maravilhoso amálgama do sacramento egípcio com o cristão.
A Eliminação dos Templários

A supressão dessa poderosa Ordem é uma das maiores máculas na tenebrosa história da Igreja Católica Romana. Os relatos do processo francês foram publicados por Michelet, o grande historiador, entre 1851-61, e existe uma excelente compilação das provas apresentadas, tanto na França como na Inglaterra, em uma série de artigos que apareceram em 1907 na Ars Quattuor Coronatorum (XX, 47, 112, 269). Vamos apenas apresentar um esboço do que aconteceu:

Filipe, o Belo, então rei da França, necessitava desesperadamente de dinheiro. Já havia desvalorizado a moeda e aprisionado os banqueiros lombardos e judeus e, depois de confiscar-lhes suas riquezas, acusando-os falsamente de usura – algo abominável para a mente medieval –, expulsou-os de seu reino. Em seguida, resolveu desfazer-se dos templários, depois que eles haviam lhe emprestado bastante dinheiro e, como o papa Clemente V devia sua posição às intrigas de Filipe, o assunto não foi difícil de ser resolvido. Sua tarefa foi facilitada ainda mais pelas acusações apresentadas pelo ex-cavaleiro Esquin de Floyran, que tinha interesse pessoal no assunto e pretendeu revelar todo o tipo de coisas malévolas: blasfêmia, imoralidade, idolatria e adoração ao demônio na forma de um gato preto.

Essas acusações foram aceitas por Filipe com deleite. E em uma sexta-feira, 13 de outubro de 1307, todos os templários da França foram aprisionados sem nenhum aviso prévio por parte do mais infame tribunal que jamais existiu, um aglomerado de demônios em forma humana, chamado, em grotesca burla, de Santo Ofício da Inquisição que, nesses dias, tinha plena jurisdição naquele e em outros países da Europa. Os templários foram horrivelmente torturados, de modo que alguns morreram e os outros assinaram toda a classe de confissões que a Santa Igreja desejava. Os interrogatórios se relacionavam principalmente à suposta negação de Cristo e ao fato de terem cuspido na cruz e, em menor grau, com graves acusações de imoralidade. Um estudo das evidências revela a absoluta inocência dos templários e a engenhosidade diabólica mostrada pelos oficiais do Santo Ofício, encarregados da prisão dos acusados pela Inquisição, que os mantinha incomunicáveis, carentes de defesa adequada e de consulta pertinente, ao mesmo tempo em que faziam circular a versão de que o Grão-Mestre havia confessado diante do papa a existência de crueldades na Ordem. Os Irmãos foram convencidos por meio de adulações e promessas, subornados e torturados, até confessarem faltas que jamais haviam cometido, e tratados com a mais diabólica crueldade.

Assim era a “justiça” daqueles que usavam o nome do Senhor do Amor durante a Idade Média; assim era a compaixão exibida em relação a seus fiéis servidores, cuja única falta foi a riqueza, obtida legalmente para a Ordem e não para si mesmos. Filipe, o Belo, obteve dinheiro. Mas, que carma, mesmo com 20 mil vidas de sofrimento, poderá ser suficiente para um ingrato vil? A Igreja romana, sem dúvida, tem sua participação. E pergunto: como cancelar uma maldade tão incrível quanto essa?

O papa desejava destruir a Ordem e reuniu o concílio em Viena, em 1311, com tal objetivo, mas os bispos recusaram-se a condená-la sem primeiro escutá-la. Então, o papa aboliu a Ordem em um consistório privado efetuado em 22 de novembro de 1312, apesar de ter aceitado o fato de que as acusações não haviam sido comprovadas. As riquezas do Templo deviam ser transferidas à Ordem de São João; porém, o certo é que a parcela francesa foi desviada para os cofres do rei Filipe.

O último e mais brutal ato dessa desumana tragédia ocorreu em 14 de março de 1314, quando o Venerável Jacques de Molay, Grão-Mestre da Ordem Templária, e Gaufrid de Charney, Grande Preceptor da Normandia, foram queimados publicamente como hereges reincidentes, em frente à grande Catedral de Notre Dame. Quando as chamas os rodearam, o Grão-Mestre incitou o rei e o papa a que, antes de um ano, se reunissem a ele diante do trono de julgamentos de Deus e, de fato, tanto o papa como o rei morreram dentro do prazo de 12 meses.

Temos notícias que alguns cavaleiros templários franceses se refugiaram entre seus Irmãos do Templo da Escócia e, naquele país, suas tradições chegaram a fundir-se, em certa medida, com os antigos ritos celtas de Heredom, formando, assim, uma das fontes das quais mais tarde brotaria o Rito Escocês Antigo e Aceito.

Há muito pouco tempo, a escritora Barbara Frale encontrou na biblioteca do Vaticano um documento denominado “Chinon”. Trata-se de uma carta na qual o papa Clemente V perdoa o Grão-Mestre Jacques de Molay. Você poderá saber disso com mais detalhes na obra de Barbara Frale: Os Templários – E o Pergaminho de Chinon encontrado nos arquivos secretos do Vaticano, da Madras Editora.
O Santo Graal e a Arca da Aliança

A Habrit Arca da Aliança é conhecida em hebraico como Aron. É sagrada para o Judaísmo e o Cristianismo.

Do ponto de vista historiográfico, essa versão é tida como a mais aceita e foi documentada. Não se pode, porém, excluir a hipótese de que os templários estivessem de posse de algum segredo histórico ou alquímico visado pelo rei da França. Qual seria esse segredo, não se sabe.

Segundo Rocco Zíngaro, os templários conservavam o Santo Graal, o cálice da Última Ceia, cuja posse conferiria poderes sobre-humanos. E segundo outro templário sob investigação, são Bernardo de Chiaravalle, eles conservavam a Arca da Aliança, a caixa em que Moisés guardava as tábuas da Lei, seu cajado e sobre a qual Deus se manifestava. Por outro lado ainda, o segredo dos templários poderia estar ligado ao conhecimento da Sagrada Geometria, para construir-se as catedrais góticas. Há, enfim quem sustente que o segredo dos templários estivesse relacionado com o Sudário. Nos processos contra os templários, diz-se que eles guardavam uma “cabeça barbuda de um morto”, que teria permanecido com eles entre 1204 e 1307. Para o cientista britânico Allan Mills, em linha com essa hipótese do italiano Carlo Giacchè, a imagem do Sudário seria de um cruzado templário morto em batalha, e não de Jesus. Algo mais recente abre a possibilidade de ser o Sudário uma obra do maravilhoso artista Leonoardo da Vinci.

Para o pesquisador francês Jacques de Mahieu, os templários possuíam, por exemplo, cartas geográficas atlantes que contrastavam com a visão oficial de mundo imposta pela Igreja e que revelam a posição da América, séculos antes de seu descobrimento. E prossegue, dizendo que os cavaleiros templários tinham alcançado, escondidos, o “novo continente”, muito tempo antes de Colombo. Chegando ao México, teriam se apoderado de minas de prata, procurando obter para si imensas quantidades de dinheiro que permitiram ao Oriente expandir-se para toda a Europa e construir gigantescas fortificações e majestosas catedrais.

Quanto à América, não é estranho. Se analisarmos, as caravelas que descobriram o Brasil possuíam velas brancas com a cruz de malta em vermelho no centro. Conheça um trecho da obra O Templo e a Loja, de Leigh e Baigent:

“Em Portugal, os Templários foram dissolvidos por um inquérito e, simplesmente, modificaram o seu nome, tornando-se os cavaleiros de Cristo. Eles sobreviveram sob esse título até o século XVI, com as suas explorações marítimas deixando marcas indeléveis na História. (Vasco da Gama era um cavaleiro de Cristo; o príncipe Henrique, o Navegador, era um Grão-Mestre da Ordem. As embarcações dos cavaleiros de Cristo navegavam sob a conhecida cruz vermelha templária. E foi sob essa mesma cruz que as três caravelas de Colombo atravessaram o Atlântico rumo ao Novo Mundo. O próprio Colombo era casado com a filha de um Grão-Mestre anterior da Ordem, e teve acesso aos mapas e diários de seu sogro.)”.

Alguns estudiosos supõem que os cavaleiros chantageassem o Vaticano, ameaçando revelar que Jesus não havia morrido; outros explicam com a “descoberta” da América (diversas lendas mexicanas falam de misteriosos homens usando mantos brancos e longas barbas, vindo do Ocidente).

Assim, a italiana Bianca Capone, em seu Guida all’Italia dei templari, afirma:

“Antes muito pobres, os cavaleiros templários se expandiram rapidamente pela Europa, construindo pontes, igrejas, hospedarias, estradas e vilas. Uma rede de casas fortificadas recobria toda a Europa, da Suécia à Inglaterra, da França à Itália, da Alemanha à Hungria e até à Rússia. Os investimentos templários surgiam por todos os lados. Nos centros mais importantes existiam duas e às vezes três dessas fortificações. Das cidades portuárias zarpavam os navios templários para o Oriente, carregados de cruzados, peregrinos e alimentos para homens e animais”.

Em poucos anos os templários não só enriqueceram de maneira impressionante, como também conquistaram um poder desmesurado. O já citado Michel Baigent sustenta que, graças à bula pontifícia de 1139, foi sancionado que eles não deviam obediência alguma, exceto ao papa, e que “tinham o poder de criar e depor os monarcas”. Para deles se desvencilhar, Filipe, o Belo, foi obrigado a tramar intrigas palacianas e processos oportunistas. Mas Baigent faz notar que os templários foram exterminados somente na França. Na Escócia, na Alemanha e em Portugal, os soberanos se negaram a prendê-los, ou, se o fizeram, os livraram de qualquer acusação. E quando a Ordem foi liberada oficialmente pelo papa, eles se transformaram em três outras Ordens e grupos, entre elas: Os Hospitalários de São Giovanni e os Cavaleiros Teutônicos.

Na obra de um dos mais bem conceituados autores e sucesso de venda de nossa editora, A. Leterre, Os Hierogramas de Moisés – Hilaritas, ele nos dá notícias da Arca de Moisés.

“A Arca de Moisés era um tabernáculo no qual Deus deveria residir e falar com esse guia de massas hunas, visto que Deus não podia fazer surgir sarças ardentes a cada passo. A Arca do testemunho, como a chamavam, devendo conter o Fogo Princípio e o Livro da Lei, e cujo modelo Deus prometeu mostrar a Moisés no monte, o que se supõe não ter ocorrido, porque Moisés não relatou a audiência e construiu a Arca, apesar disso.”

Que essa Arca era destinada a receber o Fogo Princípio – a eletricidade, basta confrontar-se o capítulo 25 do Êxodo, com o Livro dos Mortos da Antiga Lei de Rama, capítulos 1: 1,9,10, que diz:

“Eu Sou o Grande Princípio da obra que reside na Arca sobre o suporte.”

Só esta frase, escrita muitos séculos antes de Moisés aparecer no mundo, prova exuberantemente que já havia arcas idênticas no tempo de Rama e de AbRam, como veremos adiante.

Para Moisés, Deus é um Fogo Devorador (Deuteronômio IX, 3 – Hebreus 12: 29). Basta ler Êxodo. V, 1 a 26, 36 e Deuteronômio 1-2, para se ver que Moisés sempre falava com Deus no Monte Sinai em chamas.

Mas, admitindo mesmo que Deus tivesse mostrado algum modelo de Arca a Moisés, e, embora isso pese aos israelitas e aos que têm a Bíblia como a Palavra de Deus, Jeová nada teria mostrado de original naquela ocasião, a não ser alguns detalhes modernizados e de acordo com os novos acontecimentos das academias templárias, mesmo porque, como vimos anteriormente e veremos mais adiante, esses aparelhos já haviam existido dezenas de séculos antes.

Assim é que os sumerianos, os acadianos, os caldeus, os persas, os indianos, os chineses, os etíopes, os tebanos e os egípcios, todos tiveram um Tabernáculo sobre o qual faziam descer o Fogo Celeste, por meios que nada tinham de material. Era nosso desejo reproduzir aqui esses monumentos da Antiguidade, conservados nos museus europeus e nas páginas da farta literatura arqueológica, mas não o fazemos para não alongar este capítulo, deixando que o leitor pesquisador recorra a esses livros de nossas bibliotecas públicas, até mesmo a da Federação Espírita. Contudo, para dar uma idéia do que eram essas Arcas Sagradas, reproduzimos na figura a seguir a Arca de Amon, cujo termo, em sua tradução, é carneiro, Lei de Rama, e era o santuário de Tebas, capital do Alto Egito, muitíssimo antes de Moisés existir, é bom repisarmos. No desenho, ficam notórias, nas extremidades da Arca, as cabeças de carneiro, símbolo da religião de Rama.

Wagner Veneziani Costa, GCT
E. e S. Grão-Mestre do Grande Priorado do Brasil

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

DOCUMENTOS MAÇÔNICOS


DOCUMENTOS MAÇÔNICOS




Tentarei transcrever aqui parte de um dos mais importante estudos Maçônicos já publicados no Brasil pela Editora Maçônica "A Trolha". Como o assunto é longo dividirei em partes que serão publicadas aos poucos.


Alguns documentos antigos, descritos abaixo, fazem parte das origens da Maçonaria, o foco deste artigo é o Manuscrito Régio, o mais antigo. O único proveito que podemos tirar deste documento são informações sobre o cotidiano costumeiro dos Maçons Operativos. Como cita o texto é um "manual de civilidade".

O Manuscrito de Halliwel ou "Poema Régius", datado de 1390 e catalogado como sendo o Primeiro Documento Maçônico de que se tem Registro. Embora seja o documento mais antigo - é de descoberta muito recente. Ele estava escondido na Biblioteca, na Régia Biblioteca do Museu Britânico de Dnodes, por haver sido, erroneamente classificado, por David Casley, sob o título de "Poema de Devers Morais".

Esse documento só foi encontrado em 1839 (450 anos após ter sido escrito) pelo pesquisador Profano Halliwel. E o Documento ganhou o nome de seu descobridor - "O Manuscrito de Halliwel".

A Arte Real tem alguns documentos antigos, embora permaneçam uma penumbra histórica resultante da falta de documentação fidedigna, registros históricos cientificamente comprobatórios dos seus primeiros tempos. Com isso a Maçonaria para historiadores e pesquisadores modernos é inexpressiva e geralmente não é citada nos livros históricos ou é apenas de passagem como elemento de pouca importância. Pelo que consta, nos livros escolares, aqui no Brasil ela nunca é citada, mesmo tendo uma enorme participação na formação da nação. Isso é fácil compreender pelo simples fato de que a instituição não se envolve diretamente, isso é até proibido pelas suas leis internas, porém os seus membros sim integram as fileiras da política e fazem acontecer, por isso não se tem documentos, porque quem faz é o individuo, a pessoa e não a Maçonaria.

O efeito colateral desta obscuridade é uma enxurrada de histórias fantasiosas e ridículas sobre a Maçonaria e sua origem. Um dos que contribuiu para este cenário foi o Rev. James Andersom que recuou as origens da Maçonaria até o Paraíso Bíblico. Muitos escritores atribuíram sua origem aos egípcios, caldeus, povos mesopotâmicos e tantos outros baseados em fábulas e lendas trazidas até nós através do folclore dos Maçons Operativos, e outras vezes criadas fantasiosamente pelos próprios escritores.

Os Maçons Operativos atribuíram seus ancestrais entre os construtores do templo de Salomão, e nada mais importante do que isso, poder dizer-se descendente de uma dinastia de construtores bíblicos, nessa época em que a Bíblia era quase a única história da humanidade que se conhecia.

O "Poema Régio", numa versão fantasiosa, nos dá conta, por exemplo, de que a Maçonaria foi fundada no Egito pelo grande mestre Euclides e que os Maçons participaram da construção da Torre de Babel.

Mas não se pode culpar simplisticamente os que fantasiam nossas origens, e nem os pseudo-historiadores e maçonólogos dos primeiros tempos da Maçonaria Especulativa, pois ainda não havia nascido à historiografia. Tudo o que alguém dizia ou escrevia, ou o que a tradição transmitia, era considerado história verdadeira.

Os documentos fidedignos mais antigos de que a Maçonaria dispõe para pesquisas, ressalvada a veracidade histórica do seu conteúdo, suas histórias são:

1° - O Manuscrito Régio ("Poema Régio", Manuscrito de Halliwel): É um manuscrito provavelmente datado do ano de 1390, cópia de um original mais antigo provavelmente de quarenta ou cinqüenta anos antes. Do texto constam diversas referências a um rei chamado "Athelstane" que presumivelmente dominou toda a Inglaterra lá pelos idos do século décimo, mas cuja real identidade ainda não pode ser confirmada. Não tem valor como documento histórico. É apenas um manual de civilidade do qual podemos haurir muitos detalhes do comportamento e dos costumes dos Maçons Operativos nos séculos XI a XIV.

2° - Os Regulamentos Gerais: É o primeiro documento da Maçonaria Especulativa com data certa. Foi compilado em 1720 e aprovado em 24 de junho de 1721. Encontra-se incluído no Livro das Constituições.

3° - O Livro das Constituições: Foi compilado durante o ano de 1722 e oficialmente adotado em janeiro de 1728, partes importantes parece não ser de James Andersom, como o "General Regulations” e seu anexo o "Post Script" que seriam de George Payne pelo menos na versão original de 1721, e a "Dedication" que é de Jean Theophile Desaguliers.

Estas são as referências históricas que se têm relativas tanto quanto aos primeiros tempos da Maçonaria Operativa como quanto à Maçonaria Especulativa, e tudo o que se disser sobre a história de ambas em datas anteriores às desses documentos deve ser creditado ao reino da fantasia. Nem se sabe, por exemplo, com certeza em que Loja foi iniciado nosso Irmão Jean Theophile Desaguliers, provavelmente o Maçom mais culto e mais ilustre entre os que fundaram a Grande Loja de Londres, e ele viveu e se iniciou na Maçonaria no início do século dezoito, em data historicamente recente.

Os compêndios da história profana muito raramente se referem à Maçonaria, e assim mesmo quando o fazem isto é apenas superficialmente. Portanto, além destas escassas referências, resta-nos a pesquisar os também raros documentos junto às guildas, já que as Lojas dos Maçons Operativos eram na verdade Guildas de Maçons. Então tudo o que se disser sobre a Maçonaria como instituição iniciática antes do Manuscrito Régio não passa de mera conjectura.

Fonte: "O Manuscrito Régio e o Livro das Constituições - Ambrósio Peters - Editora Maçônica "A Trolha" - 1997 - 1ª edição.

MESTRE INSTALADO NÃO É GRAU


MESTRE INSTALADO NÃO É GRAU




ORIENTE COM DESNÍVEL GEOGRÁFICO
Em 12 de outubro de 1804, foi criado em Paris o Supremo Conselho de França, o segundo no mundo, para difundir na Europa o Rito Escocês Antigo e Aceito.
Concebido, inicialmente, como Rito para Altos Graus, chegou dos Estados Unidos sem ritual próprio para os graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. No dia 22 de outubro, uma Assembléia Geral do Supremo Conselho de França fundou, também em Paris, a Grande Loja Geral Escocesa para organizar o ritual francês das Lojas Azuis (Blue Lodges) do Rito Escocês Antigo e Aceito (ainda não havia sido cunhado o termo simbolismo para os três primeiros graus), tendo por base o Rito Antigo Aceito, praticado pela Grande Loja de Londres de 1751, a Grande Loja dos auto-proclamados “antigos” maçons.
Na França, o Grande Oriente tinha como rito oficial, o Rito Escocês dos Modernos, ou Rito Francês, semelhante ao rito praticado pelas Lojas da Grande Loja de Londres de 1717, a primeira Grande Loja no mundo e denominada, pejorativamente, pelos seus adversários, como sendo dos “modernos” (os que inventaram ritual novo).
Quarenta dias depois, um acordo entre Grande Oriente e Supremo Conselho viabilizou a prática do Rito Escocês Antigo e Aceito dentro do Grande Oriente de França.
COMEÇO DA CONTURBADA TRAJETÓRIA DOS GRAUS SIMBÓLICOS DO REAA
O Grande Oriente fez misturas entre os dois ritos, em vários graus, principalmente porque praticou o Rito Escocês Antigo e Aceito no seu templo adornado para o Rito Francês.
No ano seguinte, 1805, os maçons do Supremo Conselho afirmaram que o Grande Oriente havia violado a combinação.
Retiraram-se do Grande Oriente e passaram a trabalhar sozinhos. Por carência de membros preparados adequadamente, o Supremo Conselho, junto com a Grande Loja Geral Escocesa, ambos liderados pelo conde Alexandre de Grasse-Tilly, convidaram Oficiais do Grande Oriente para dirigirem os Altos Graus.
Esses maçons oriundos do Rito Francês, não conheciam bem o Rito Escocês Antigo e ainda, muitos, desdenharam o direito do Supremo Conselho comandar o Rito, na França.
Sob o abrigo do primeiro Grão-Mestre Adjunto, o Príncipe Cambaceres, que havia aceitado ser Grão-Mestre de cada um dos sistemas escoceses, ou mesmo, a presidência de honra, a Grande Loja Geral Escocesa e o Supremo Conselho se entregaram com intensidade em toda a atividade que suas lideranças puderam realizar.
No entanto, o Grande Oriente manteve com vigor o funcionamento do Rito Moderno e, ao mesmo tempo, lutou, ostensivamente, contra as tentativas das diversas autoridades do Supremo Conselho e da Grande Loja, de fazerem firmar-se o Rito Escocês Antigo e Aceito, como fora inicialmente organizado.
ESFACELAMENTO DO SUPREMO CONSELHO E DO REAA NA FRANÇA
O período não estava favorável ao novo rito, surgindo como agravante às pretensões do Supremo Conselho, a queda do governo francês, em 1814.
Em 1804, quando o REAA chegou à França, Napoleão Bonaparte fora coroado Imperador e teve promulgado o código civil napoleônico.
Em 1814, Napoleão foi derrotado pelos aliados formados por Inglaterra, Rússia, Áustria e Prússia. Napoleão se exila em Elba.
O Grande Oriente, pela sua força política, não teve que cessar totalmente as atividades, mas o Supremo Conselho e a Grande Loja Geral Escocesa sofreram com a resistência que enfrentavam do Grande Oriente e pouco realizaram. O Rito Escocês Antigo e Aceito praticamente desapareceu na França, nesse período.
Outro fator que muito contribuiu para o enfraquecimento do rito foram as divergências entre os próprios integrantes, divididos em Supremo Conselho de França e Supremo Conselho de América.
A história dessas divergências internas mostra que não houve unidade no Supremo Conselho francês, além de mal estruturado, para enfrentar a campanha do Grande Oriente.
O resultado foi a decisão do Grande Oriente, em 1814, declarando, unilateralmente, que, em virtude de diferentes acordos datados de antes e depois da revolução francesa, ele retomava todos os direitos sobre os ritos Moderno e Escocês Antigo e Aceito.
PRIMEIRA IDÉIA DE LOJA CAPITULAR
Em 1816, o Grande Oriente assumiu a jurisdição de parte do Rito Escocês Antigo e Aceito, decidindo que ficaria com o poder sobre o conjunto dos graus 1º ao 18º. Essa escolha baseou-se na intenção de dirigir o Rito Escocês Antigo e Aceito na mesma abrangência simbólica que já fazia com o Rito Moderno, ou seja, do grau de Aprendiz à Rosa-Cruz.
No Rito Moderno, a Rosa-Cruz é o 7º e no Escocês Antigo, o 18º. Em 1820, o Grande Oriente organiza um ritual do REAA voltado para o funcionamento seqüencial do grau de Aprendiz ao grau Rosa-Cruz.
A esse conjunto de graus, sob a mesma direção, foi atribuída a denominação de Loja Capitular, presidida preferencialmente por um Cavaleiro Rosa-Cruz.
O TERMO SIMBOLISMO
Com o surgimento das Lojas Capitulares na França, a denominação Lojas Azuis desapareceu, passando a ser empregado o termo “simbolismo” para representar o conjunto de graus – Aprendiz, Companheiro e Mestre – dentro da então, nova concepção obediencial no Rito Escocês Antigo e Aceito: Lojas Simbólicas, Lojas de Perfeição, Capítulos (obedientes ao Grande Oriente de França), Conselhos Kadosh, Consistórios, Supremo Conselho (obedientes ao Soberano Supremo Conselho do Grau 33).
Da França, o Rito Escocês Antigo e Aceito foi difundido para os países de língua latina, em maioria. Os países anglo-saxônicos, no entanto, não se submeteram às decisões do Grande Oriente de França e seguiram o modelo inicial.
O Supremo Conselho norte-americano continuou administrando o Rito Escocês Antigo e Aceito dos graus 4 ao 33, servindo-se das Lojas Azuis americanas, obedientes às Grandes Lojas, para perfazer o total de 33 graus.
AS LOJAS CAPITULARES NO BRASIL
O Supremo Conselho fez tratado de condomínio com o Grande Oriente do Brasil nas condições definidas na França: o GOB assumiu os graus 1º ao 18º, constituindo as Lojas Capitulares e o Supremo Conselho os graus 19º ao 33º. Permaneceu essa estrutura até 1927, quando o Supremo Conselho denunciou o tratado com o Grande Oriente do Brasil e recuperou seu poder sobre o Rito, do grau 4º ao 33º, reencontrando-se com o que acontecera em 1801, em Charleston, nos Estados Unidos.
A tendência mundial entre os Supremos Conselhos com reconhecimento mútuo, no início do século vinte, era de padronizar a divisão: graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre com jurisdição de Grandes Orientes ou Grandes Lojas e os 30 graus superiores com jurisdição dos Supremos Conselhos.
RITUAIS DESCARACTERIZADOS DO SIMBOLISMO
Devido à ruptura do tratado com o Grande Oriente do Brasil, o Supremo Conselho do Brasil providenciou a criação das Grandes Lojas estaduais, que tiveram a incumbência de organizarem e coordenarem a prática dos graus simbólicos do Rito Escocês Antigo e Aceito. Nessa oportunidade, o Supremo Conselho repetiu o que já acontecera em 1820, na França, deixou o simbolismo atirado à sua desventura funcional, com ritualismo confuso provocado ora pelas influências do Rito Moderno, ora dos Altos Graus do próprio Rito Escocês Antigo e Aceito.
As modificações produzidas pelo Grande Oriente de França, em 1820, com o ritual que criou as Lojas Capitulares, não foram desfeitas, sendo incorporadas aos graus simbólicos do rito, definitivamente.
ORIENTE ELEVADO E COM ÁREA DELIMITADA
O piso do templo no ritual de 1804 é plano em toda a sua extensão. As colunas do norte e do sul se estendem de oeste a leste. O Oriente é constituído pelo Venerável Mestre, que fica no Trono num plano elevado.
Não havia área demarcada do Oriente, como conhecemos hoje.
O fundo do Oriente era um semicírculo e todos os Irmãos presentes, inclusive Oficiais, estavam incluídos em uma das colunas; norte ou sul. A exceção se fazia quando da presença de autoridade maçônica, dos Altos Graus do Rito ou de outros Ritos.
Nessa ocasião, o Venerável Mestre mandava sentar próximo e abaixo do Trono, acompanhando a curvatura da parede de fundo, de frente para o oeste.
O tratamento era pessoal, sendo concedida a palavra nominalmente, após a mesma circular nas colunas, por iniciativa do Venerável Mestre, sem, contudo, anunciar a palavra no Oriente, como presentemente.
O Oriente elevado, em comparação com o restante do templo, surgiu com as Lojas Capitulares, na França, no ritual de 1820.
Um terço da área do templo foi cercado por uma balaustrada com uma abertura no centro para a passagem dos Irmãos, que separou Oriente do Ocidente.
O acesso ao Oriente se dá através de quatro degraus.
O Oriente elevado e cercado foi idealizado para simbolizar o Santuário do Grau Rosa-Cruz, onde está a direção da Loja, representada pelo Sapientíssimo Príncipe Rosa-Cruz.
Os Irmãos iniciados no grau 18º e acima, sentam-se no Oriente durante o desenvolvimento dos trabalhos da Loja.
ORIENTE PROIBIDO PARA APRENDIZES E COMPANHEIROS
Durante o período em que os graus simbólicos estiveram incluídos na seqüência ininterrupta até o 18º das Lojas Capitulares, os Aprendizes e Companheiros não têm permissão para ingressarem no Oriente.
Nessa fase, os maçons ainda aspirantes ao grau de Mestre, não desempenham cargos ritualísticos.
Nas cerimônias de Iniciação nos dois primeiros graus, Aprendizes e Companheiros não subiam ao Oriente, como se faz presentemente.
Nessa etapa, o Sapientíssimo Mestre descia do Oriente e lhe era apresentado o candidato no Ocidente, junto aos degraus de acesso ao Oriente.
Esse procedimento alerta para o fato de que o Oriente elevado e circunscrito nunca fez parte da ritualística dos graus simbólicos e, portanto, não devia ter permanecido na descrição do Templo, após o desaparecimento das Lojas Capitulares, porque contribuiu para desinformar a respeito do Templo adequado para as Lojas Simbólicas.
MESTRES INSTALADOS NO ORIENTE DOS CAVALEIROS ROSA-CRUZ
Está salientado e explicado que o Oriente elevado em relação ao Ocidente permaneceu indevidamente nos Templos dos graus simbólicos por negligência da orientação dos Supremos Conselhos, a começar pelo de França.
No surgimento das Grandes Lojas brasileiras, o Templo das Lojas que se transferiram do Grande Oriente do Brasil, antes ajustado para os graus capitulares, não foi readaptado para o modelo original do Rito Escocês Antigo e Aceito, anterior a 1820, ou seja, o piso plano em toda a extensão.
Não bastasse essa influência capitular no simbolismo do REAA, foi acrescentada a novidade que viria transformar o REAA das Grandes Lojas num conjunto de procedimentos que representaram a presença parcial de vários Ritos em um.
A figura do Past Master (o Mestre Instalado) da Grande Loja, dentro do REAA, foi outro lance que, junto com o ritual criado em 1928, deformou ainda mais o REAA antes conhecido.
A ritualística de Instalação do Mestre de Loja é mais antiga que o grau de Mestre Maçom e faz parte das duas únicas cerimônias formais que os ingleses realizavam desde a época em que foi fundada a primeira Grande Loja, em Londres, em 1717.
A iniciação do profano era feita sem encenações. Tinham maiores formalidades a passagem ao Grau de Companheiro e a posse do Companheiro Eleito na presidência de uma Loja Maçônica. A cerimônia de Instalação faz parte da história cultural da maçonaria inglesa.
Da outra parte, os primeiros rituais das Lojas Azuis (mais tarde, Lojas Simbólicas), do REAA, em 1804, foram feitos pela Grande Loja Geral Escocesa, com cultura original de caráter operativo.
O cerimonial pomposo para a posse do Respeitável Mestre eleito foi sempre um reflexo da concepção inglesa de Maçonaria Real, não influenciada pelo período operativo.
A Inglaterra não teve Lojas operativas conhecidas.
As posses, nas Lojas Simbólicas do REAA foram, em rito mais administrativo.
O surgimento da figura do Mestre Instalado no meio do espaçamento natural entre o Mestre Maçom (Grau 3º) e o Mestre Secreto (Grau 4º), encontrou no Oriente elevado e circunscrito um ótimo local para fortalecer nova categoria de Mestre Maçom no REAA. Não havendo Loja Capitular nas Grandes Lojas brasileiras, o Oriente, lugar antes reservado para os iniciados nos Graus Capitulares, foi ocupado pelos Mestres Instalados.
Com seus segredos diferentes dos Mestres Maçons, os Mestres Instalados são considerados Mestres Maçons diferenciados e a eles é designado o Oriente elevado, região do Templo também diferenciada em comparação com o Ocidente. Dessa forma, os Mestres Instalados lembram nos graus simbólicos, os Cavaleiros Rosa-Cruz da antiga Loja Capitular.
As Lojas Simbólicas do REAA que presentemente trabalham em Templo que possui o piso da parte oriental mais elevado, não estão contribuindo para mostrar como foram concebidos os três primeiros graus do REAA na França, em 1804.
Por outro lado, se essas mesmas Lojas reservam o Oriente para a localização dos Mestres Maçons que têm a dignidade de Mestre Instalado, estão, as Lojas, praticando uma irregularidade ritualística, pois reconhecem uma categoria superior à de Mestre Maçom, mas que não é a do Mestre Secreto.
A superioridade hierárquica do Mestre Instalado sobre o Mestre Maçom está caracterizada e confirmada na cerimônia de Instalação, no momento em que todos os Mestres Maçons não Instalados são obrigados a cobrirem o Templo.
Nessa condição, estão também os Mestres Maçons do REAA que tenham sido iniciados no grau 4º, 5º, 6º, etc… que não tenham sido eleitos Venerável Mestre.
São tratados como os do grau 3º e não permanecem no Templo, no momento de Instalação do Mestre Maçom eleito para dirigir a Loja.
A dignidade do Mestre Instalado é compatível tão somente com Ritos anglo-americanos, como o Craft e o York, que permitem no ritual a supremacia hierárquica do Mestre Instalado sobre o Mestre Maçom não instalado, embora, oficialmente, a Grande Loja Unida da Inglaterra não reconheça essa supremacia.
O Mestre Instalado não tem lugar no REAA com 33 graus seqüenciais. Serve, sim, para o REAA que conta apenas 30 graus próprios, embora considere toda a cadeia com 33, como nos Estados Unidos.
O PAST MASTER (MESTRE INSTALADO) DO SANTO ARCO REAL
O Ritual Emulação tem uma extensão do terceiro grau, que não é considerada oficialmente um novo grau, chamado Santo Arco Real.
Embora não seja admitido pela Grande Loja Unida da Inglaterra como umgrau superior, tem, porém, uma ritualística própria, na qual, em dada passagem, o Mestre Maçom é retirado do Templo e só permanecem os Past Masters.
Não deve o Santo Arco Real inglês ser confundido com o corpo de Graus Superiores do sistema americano, conhecido como Real Arco, que tem vários graus.
A história de que o Santo Arco Real inglês não é um grau, não é assim entendida pela maioria dos maçons ingleses. Essa arrumação foi imaginada para contentar correntes antagônicas que se debatiam em defesa de suas idéias e crenças ritualísticas, durante as reuniões de negociações que prepararam a união das duas Grandes Lojas inglesas rivais, a dos”modernos” e a dos “antigos”, na Grande Loja Unida da Inglaterra, em 1813.
A Grande Loja Unida, apesar de inflexível na observância dos critérios de reconhecimento de outras Potências Maçônicas, não proíbe, não faz tratados com Obediências dos Altos Graus, não interfere nos assuntos relativos a esses Graus Superiores. Simplesmente, ignora-os.
Os praticantes do Santo Arco Real, surgido por volta de 1751, apregoavam serem detentores dos segredos da palavra sagrada que foi perdida, segundo a lenda do terceiro grau. Isso despertava grande curiosidade naquela época e muitos maçons desejavam ser exaltados no Santo Arco Real.
Para que o ato de união entre as Grandes Lojas inglesas rivais se efetivasse, foi encontrada essa solução que a cultura inglesa demonstrou ter assimilado bem; incluir o Santo Arco Real como um complemento do terceiro grau, mas sem se constituir no quarto grau.
O Santo Arco Real é fundamentado no relato bíblico que descreve o retorno do povo judeu da Babilônia, em 538 a.C. e na antiga lenda surgida durante a construção do quarto Templo, em torno de 400 d.C., que descreve a descoberta de uma cripta, de um altar e da palavra sagrada.
Assim, a estrutura da Franco-maçonaria inglesa considerou, em dado momento da história, 1813, que a Maçonaria Pura e Antiga consiste de apenas três graus, mas que se inclui nesses o Santo Arco Real.
É, verdadeiramente, coisa para inglês ver.
Para administrar o Santo Arco Real, os ingleses têm o Supremo Grande Capítulo que concede “Brevê Constitutivo” para a fundação dos Capítulos do Arco Real que funcionam anexos às Lojas Simbólicas inglesas.
A dignidade de Past Master (Mestre Instalado) adotada pelas Grandes Lojas brasileiras tem origem nessa maçaroca inglesa que manteve os quatro graus do Santo Arco Real, todos sob a denominação de um desses graus, o de Past Master, sem considerá-lo grau superior.
O Rito Escocês Antigo e Aceito ganhou, através das Grandes Lojas, uma hierarquia formal entre os graus 3º e 4º, sem considerá-la grau superior ao de Mestre. Foi a continuação da maçaroca.

POSSÍVEL ORIGEM DAS TRÊS BATIDAS



POSSÍVEL ORIGEM DAS TRÊS BATIDAS




O uso de batidas para chamar a atenção de pessoas presentes em uma reunião é um antigo costume. Tanto é verdade que, numa fabrica de tecidos, em 1335, em York Minster, Inglaterra, foi registrado os detalhes de uma construção que estava sendo feita nessa fabrica, por um grupo de Maçons Operativos. Ali é mencionando o trabalho em si, descanso, etc, e menciona, também, que os Maçons eram chamados após a refeição para assumirem novamente o trabalho, por batidas dadas na porta da Loja. Esta Loja, como já foi dito em outras Pílulas, sem duvida, deveria ser um abrigo coberto perto da referida construção.
Hoje em dia, na Maçonaria Especulativa, as batidas foram deliberadamente variadas para distinguir os três Graus Simbólicos, uns dos outros.
Muitas das praticas maçônicas tem forte semelhança com as praticas Eclesiásticas, apesar de que, muitas vezes, falta uma evidencia definitiva.
Entretanto, é fato que a Maçonaria Operativa foi empregada largamente nas construções de Catedrais e outras construções para a Igreja, onde podemos supor que as praticas e costumes dos monges, abades, etc, não eram inteiramente desconhecidas dos integrantes da Maçonaria Operativa, da qual a Maçonaria Especulativa derivou.
Um exemplo do uso eclesiástico de batidas é visto quando um novo Bispo esta sendo entronado. Ele se aproxima da porta Leste da Catedral e com três pancadas nesta, com o seu Bastão Pastoral, obtém a atenção do Deão e dos membros do Capitulo, dos quais ele obterá permissão para entrar na conclusão da Cerimônia para sua total introdução no Episcopado.
Alfério Di Giaimo Neto\M\M

COLUNAS ZODIACAIS


COLUNAS ZODIACAIS




Como você reagiria se eu dissesse que as Colunas Zodiacais não são “coisas” da Maçonaria? (pausa para pensar).
Colunas todos nós sabemos o que são; Zodiacais vem de zodíaco, que por sua vez vem do grego: zódia (animais) chegamos até zodiakos (ciclo de animais). Diríamos então que em alguns Templos Maçônicos temos pilares cilíndricos que sustentam o ciclo de animais.
Lógico que o simbologismo ultrapassa a semântica, mas esse conhecimento é oriundo dos Irmãos amantes da astrologia.
Na antiga Caldeia, os estudiosos captaram a imagem vista do céu e elaboraram um mapa que produzisse a passagem do Sol em cada uma das doze partes que fora dividido o referido mapa, cada uma dessas partes tinha elementos astronômicos (planeta, estrela, constelação, nebulosa) e cada parte ganhou um nome, chamado de Signo Zodiacal que é governado por um Astro Regente. Não se pode usar a expressão “Planeta Regente”, pois o Sol (Signo de Leão) e a Lua (signo de Câncer) não são planetas, com o tempo vincularam os Signos com os quatro elementos primários do nosso planeta (Ar, Água, Terra e Fogo).
Mais adiante ainda foram incorporadas características masculinas e femininas que são representadas por triângulos; os ícones astrológicos que estão interligados a triângulos com o ápice para cima possuem virtudes e defeitos típicos dos homens e os com ápice voltado para baixo virtudes e defeitos típicos das mulheres.
De forma resumida temos então: ÁRIES = Marte, Fogo, Masculino; TOURO = Vênus, Terra, Feminino; GÊMEOS = Mercúrio, Ar, Masculino; CÂNCER = Lua, Água, Feminino; LEÃO = Sol, Fogo, Masculino; VIRGEM = Mercúrio, Terra, Feminino; LIBRA = Vênus, Ar, Masculino; ESCORPIÃO = Marte, Água, Feminino; SAGITÁRIO = Júpiter, Fogo, Masculino; CAPRICÓRNIO = Saturno, Terra, Feminino; AQUÁRIO = Saturno, Água, Masculino; PEIXES = Júpiter, Água, Feminino.
A incorporação dessas Colunas aos Templos Maçônicos ultrapassam os conhecimentos da astrologia popular com suas previsões e características pessoais; há belíssimos trabalhos vinculando as Colunas, as Instruções dos Graus, as passagens durantes as Sessões Magnas e até aos Cargos de Loja, lembrando que são interpretações pessoais dos autores o que condiz com nossa situação de Livres Pensadores e Maçons Especulativos.
Você mesmo, quando tiver, oportunidade observe o posicionamento delas e as formas geométricas que podemos traçar no teto da Loja usando por exemplo aquelas que têm o ápice do triângulo voltado para cima.
Mesmo após escrever tudo isso eu ainda lhe digo: as Colunas Zodiacais não são “coisas” da Maçonaria! Você já ouviu falar que nossos Templos foram construídos de acordo com o Templo de Salomão? E no Livro da Lei há a descrição das doze colunas e todos esses símbolos? Portanto as Colunas Zodiacais são elementos de alguns RITOS MAÇÔNICOS e por conta disso não podemos generalizar dizendo que fazem parte da Maçonaria; a maioria dos Templos Maçônicos espalhados pelo mundo foram construídos dentro do traçado dos preceitos do Rito de York, que em seus trabalhos não constam as Doze Colunas Zodiacais e o mesmo acontece no Rito SchröederA intenção deste pequeno artigo é motivar os Irmãos a freqüentarem Oficinas que trabalham em Ritos diferentes aos da sua Loja, há em todos sempre um conhecimento “extra”.
Mesmo na ritualística sempre haverá DIFERENÇAS, nunca DIVERGÊNCIAS, ninguém tem autoridade para afirmar que isto ou aquilo está errado, haverá sempre contextos históricos que explicarão as inúmeras variações encontradas nos Ritos, nas Potências e nas Obediências. A Beleza é feita pela simplicidade, mas a Sabedoria pela complexidade. Lembre-se de visitar, estudar e ensinar, pois todos nós, independente do Grau ou do Cargo, somos responsáveis pela qualidade das Sessões Maçônicas.
De acordo com o PROMAÇOM cujo programa visa à integração das Lojas Maçônicas, segue anexo, o quadro com as atividades das Lojas que se reúnem na Avenida Brasil nº 478 e, de algumas situadas fora do Palácio Maçônico.
Grato pela atenção.

QUEM É O SUBSTITUTO IMEDIATO DO VENERÁVEL MESTRE?


QUEM É O SUBSTITUTO IMEDIATO DO VENERÁVEL MESTRE?



Recentemente em um bate papo informal com alguns Irmãos surgiu este questionamento: Quem é o substituto imediato do Venerável Mestre?
Prontamente alguns Irmãos responderam: o substituto imediato do Venerável Mestre é o Irmão 1° Vigilante. Na falta deste o Irmão 2° Vigilante.


A maioria dos Irmãos presentes concordou com a afirmação feita, porém, um Irmão Decano, que atentamente ouvia as respostas, em determinado momento disse: "O substituto imediato do Venerável Mestre deve ser um Irmão Mestre Instalado".
Bem, a partir da afirmação do Irmão Decano gerou-se uma serie de duvidas e perguntas: E se o Irmão 1° Vigilante não for Instalado? E se o Irmão 2° Vigilante também não for Instalado? Quem assume a direção dos trabalhos?.
A única maneira de encontrarmos respostas a estas perguntas é a busca através de pesquisas, senão vejamos:


Para se chegar até a cadeira de Venerável Mestre é necessário que o Mestre Maçom passe do Ocidente para o Oriente. “O caminho que deveis trilhar para atingirdes o domínio de vos mesmo, é pelo trabalho e pela observação ¹”. Primeiramente precisa subir os quatro degraus que separam o Ocidente do Oriente sendo eles: Força, Trabalho, Ciência e Virtude. Alcançado estas virtudes o Irmão que pretende chegar à cadeira do Venerável Mestre, ou o trono do Venerável, ou o trono da Sabedoria, deverá subir mais três degraus, sendo eles: Pureza, Luz e Verdade. Assim, se procedendo, o Irmão é conduzido e devidamente Instalado através de Ritual apropriado no trono da Sabedoria, o lugar que lhe compete em Loja.


Lembrando que Mestre Instalado não é grau, e sim, uma Classe de Maçons. Em seu trabalho intitulado "Mestre Instalado é Grau?", o Ilustre Irmão Amilcar Silva Júnior nos diz: "...pelo que entendo, é evidente que Mestre Instalado não é grau. Nem simbólico nem filosófico".


É um direito e um privilegio do Venerável Mestre de instalar seu sucessor. Diz o Irmão Kurt Max Hauser - P.·. G.·. M.·. da M.·. R.·. G.·. L.·. M.·. E.·. R.·. G.·. S.·., em seu trabalho intitulado "Ritos Maçônicos": " Nenhuma outra autoridade, incluindo o Grão Mestre, salvo em casos excepcionais, devidamente justificados, pode praticar tais cerimonias, sem atentar contra este direito e contra a independência e autoridade da Loja".


É um direito e privilégio do Venerável Mestre de outorgar graus. Somente o Mestre Instalado tem direito e privilegio de outorgar os graus simbólicos. Na cerimônia de Iniciação após o Neófito Ter recebido a Luz, o Venerável Mestre que foi instituído na Classe de Mestre Instalado, segurando a espada recebe e constitui o Neófito a condição de Aprendiz Maçom e membro da Oficina. Assim, deverá ser usada a mesma formula para a cerimônia de Elevação e Exaltação, conforme determina o Ritual do grau.


Toda sessão Maçônica deverá ser dirigida por um presidente. O Presidente de uma Loja Maçônica é o Obreiro que pela vontade dos Irmãos foi eleito Presidente da Oficina e devidamente Instalado através de Ritual apropriado no trono da Sabedoria.
O 1° Vice-Presidente de uma Loja Maçônica é o Irmão 1° Vigilante sendo o Irmão 2° Vigilante o 2° Vice-Presidente, ambos eleitos pela vontade dos Irmãos.
Verifica-se então que na ausência do Venerável Mestre o substituto imediato é o Irmão 1° Vigilante (1° Vice-Presidente). Na ausência do Venerável Mestre e do 1° Vigilante, o substituto imediato é o Irmão 2° Vigilante (2° Vice-Presidente).
Este procedimento se dará em qualquer sessão, mesmo que seja a de Iniciação, Elevação e Exaltação. Os Irmãos 1° Vigilante (1° Vice-Presidente) e o Irmão 2° Vigilante (2° Vice-Presidente) são os substitutos legais do Presidente.


Na sessão de Iniciação os substitutos legais do Venerável Mestre no momento da "sagração" se não pertencerem a "Classe de Mestre Instalado", "não poderão sagrá-los", ou seja, não poderá receber o Neófito a condição de Aprendiz Maçom. Deverá o substituto legal solicitar ao “Irmão Mestre Instalado" presente a sessão que neste momento, segurando a espada receba e constitua o Neófito a condição de Aprendiz Maçom e membro da Oficina.


O mesmo procedimento deverá ser feito nas sessões de Elevação e ou Exaltação. Poderão os substitutos legais do Venerável Mestre, achando-se que estão impedidos de dirigirem a sessão magna, por não pertencerem a Classe de Mestre Instalado, solicitar ao antigo Venerável Mestre que dirija os trabalhos ou ainda solicitar a algum Irmão Mestre Instalado presente a sessão que dirija os trabalhos.


Conclui-se então que na ausência do Venerável Mestre o substituto imediato e que deve assumir os trabalhos é o 1° Vigilante (1° Vice-Presidente), e na ausência de ambos quem deve assumir os trabalhos é o segundo substituto imediato, o Irmão 2° Vigilante (2° Vice-Presidente). Porém se os Irmãos substitutos não pertencerem a Classe de Mestre Instalado não poderão em hipótese alguma receber e constituir Maçons.


Irm.’. Antônio Carlos Rios
Da Academia Maçônica de Letras de MS
Cadeira nº 19 Fundador da
A R L S Expansão da Luz Nº 35*
G O M S- C O M A B

O CANDELABRO MÍSTICO



O CANDELABRO MÍSTICO



A maioria dos Graus que compõem à Loja de Perfeição pertence à classe também denominada Graus israelitas, bíblicos, judaicos, salomônicos, principalmente por estarem baseados na Bíblia e constituírem um desdobramento da Lenda do 3º Grau. Por isso, estão recheados de passagens, lendas, símbolos, extraídos do Livro Sagrado, particularmente da Torá ou Pentateuco, ou seja: os cinco primeiros livros da Bíblia (Gênese, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio).


Não é de estranhar, portanto, que o Candelabro de Sete Braços – o Menorá dos hebreus -- esteja presente na decoração da Loja de Mestre Secreto, bem como na de Perfeito e Sublime Maçom, nesta última denominado de CANDELABRO MÍSTICO.


O Menorá, que significa Candelabro, de tão importante para a civilização hebraico-judaica, é considerado um dos principais símbolos da religião mosaica. Tanto é assim que hoje o Menorá é usado como brasão do Estado de Israel, o qual foi estabelecido no século passado, em 1948.


Ele já estava presente entre os hebreus desde a construção do Tabernáculo, determinada por Moisés, por ordem de Javé, quando este conduzia seu povo pelo deserto, fugindo do Egito em direção à Palestina. Era no Tabernáculo que os israelitas oficiavam seus cultos, até que o Rei Salomão mandasse construir o famoso Templo de Jerusalém, o primeiro, já que dois outros foram construídos posteriormente. Melhores detalhes sobre a construção do Tabernáculo e seu mobiliário -- dentre os quais o Menorá -- são encontrados no Livro de Êxodo, capítulo 25, versículos 10 a 22.
O Menorá ou “Candelabro de Sete Braços” também foi construído por ordem de Javé, segundo o que consta nos versículos 31 a 39 do mesmo capítulo do livro de Êxodo, como aqui transcrito:


“Farás um Candelabro de ouro puro; e o farás de ouro batido, com o seu Pedestal e a sua haste; seus cálices, seus botões e suas flores formarão uma só peça com ele. Seis braços sairão dos seus lados, três de um lado e três de outro. Num braço haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; noutro haverá três cálices em forma de flor de amendoeira, com um botão e uma flor; e assim por diante, para os seis braços do Candelabro. No Candelabro mesmo haverá quatro cálices em forma de flor de amendoeira, com seus botões e suas flores: um botão sob os dois primeiros braços do Candelabro, um botão sob os dois braços seguintes e um botão sob os dois últimos: e assim será com os seis braços que saem do Candelabro. Estes botões e estes braços formarão um todo com o Candelabro, tudo formando uma só peça de ouro puro batido. Farás sete lâmpadas que serão colocadas em cima, de modo a alumiar a frente. Seus espevitadores e seus cinzeiros serão de ouro puro. Empregar-se-á um talento de ouro puro para confeccionar o Candelabro e seus acessórios”.


Segundo Nicola Aslan um dos nossos maiores escritores maçônicos, tanto Flavio Josefo como Filon, e também Clemente, bispo de Alexandria, pretendem que o Candelabro de sete braços representava os sete planetas conhecidos da antiguidade:


“De cada lado partem três braços, suportando cada um uma lâmpada, diz este último; no meio estava a lâmpada do Sol, centralizando os seus braços, porque este astro, colocado no meio do sistema planetário, comunica sua luz aos planetas que estão abaixo e acima, segundo as leis de sua ação divina e harmônica”.

POSIÇÃO DO CANDELABRO MÍSTICO DE SETE BRAÇOS


NO TABERNÁCULO


No Tabernáculo, ou tenda, o Menorá era colocado ao norte, no local denominado Santos dos Santos (em hebraico: Kodesh ha Kodashim), simbolizando não só a luz dos sete “planetas” conhecidos na antiguidade (Sol, Lua, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter e Saturno), como também os ventos setentrionais, que traziam a chuva, estimulando o desenvolvimento das plantações. É preciso, no entanto, salientar que nem todos eram planetas, pois o Sol é uma estrela e a Lua, um satélite.


NO PRIMEIRO TEMPLO DE JERUSALÉM


Por ocasião da construção do primeiro Templo, em Jerusalém, tanto o Menorá como os demais utensílios utilizados no Tabernáculo seguiram a mesma disposição.


NA LOJA DE MESTRE SECRETO


Na Loja de Mestre Secreto o Candelabro Místico de Sete Luzes é posicionado a frente da Arca da Aliança, sendo certo que esta fica ao lado direito do Trono.


NA LOJA DE PERFEITO E SUBLIME MAÇOM


É posicionado igualmente no Oriente, no ângulo direito do Trono, representando o Sol com os Planetas, como era o entendimento dos antigos.


O número sete (sete braços ou sete luzes) constante do Candelabro Místico não foi escolhido aleatoriamente, pois se trata de um número considerado sagrado para os antigos povos, que lhe atribuíam um valor mágico e astrológico. Os hebreus não ficaram imunes às inúmeras influências herdadas de outros povos e daí que é possível ver o número sete em várias passagens bíblicas.
Na Maçonaria, o número sete também tem uma importância vital. Sete são as ciências que o maçom deve conhecer: Gramática, Retórica, Lógica, Aritmética, Geometria, Música e Astronomia. É o número místico do Mestre e simboliza a perfeição alcançada na evolução espiritual.


O Candelabro Místico de Sete Braços está presente nas Lojas de Mestre Secreto e de Perfeito e Sublime Maçom porque era um dos principais utensílios do Tabernáculo e, posteriormente, também do Templo de Jerusalém. A Maçonaria do século XVIII pegou emprestado este e outros objetos da Religião Hebraica, dado o elevado valor histórico e simbólico, em especial para os chamados Altos Graus.


Irm. Robson Rodrigues da Silva




BIBLIOGRAFIA:
ASLAN, Nicola, Instruções Para Lojas de Perfeição, Editora Maçônica “A Trolha”, 3ª edição, Londrina – PR – 2004.
_____ , Grande dicionário enciclopédico de Maçonaria e Simbologia, vol. I, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina – PR – 1996.
CAMINO, Rizzardo da, Os Graus Inefáveis – Loja de Perfeição, Editora Aurora, Rio de Janeiro.
CASTELLANI, José, Dicionário Etimológico Maçônico, ABC, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina – PR, 1990.
XICO TROLHA e CASTELLANI, José, O Mestre Secreto, Editora Maçônica “A Trolha”, Londrina, PR – 3ª edição, 2002.
RITUAIS dos Graus 4 e 14.

CARTA DE UM MAÇOM A SEU FILHO


CARTA DE UM MAÇOM A SEU FILHO



Meu Filho,
Quando você parar de me contar - como ainda você faz - as suas brincadeiras e as suas coisas pessoais; quando você não tiver mais medo da "escuridão" e decidir abrir, finalmente, as páginas desses livros desconhecidos que hoje você somente olha talvez mal ajeitado na estante do meu escritório, e que conservo com muito carinho; quando for adulto, aproxime-se desses senhores que hoje você acha misteriosos e que, se bem não te desagradam, te merecem tão somente certa indiferença.


Procura essas pessoas que, freqüentemente, me ligam ou me visitam e com quem compartilho algumas horas, a cada semana, nesses dias que você me vêeu chegar mais tarde em casa. Sim, procura esses homens que a sociedade identifica como "Os Maçons" e que eu chamo, orgulhosamente de, "Meus Irmãos".


Tantas vezes você os viu e ouviu que, provavelmente, já conheça todos eles. A grande maioria são jovens; alguns homens maduros; e outros, com as suas testas coroadas por cabelos grisalhos, do mesmo jeito que algumas montanhas mostram seus cumes, cobertos pelo branco da neve. Mas todos eles me permitiram beber da fonte da sabedoria.


Todos, por igual, abriram seus peitos como se abre uma cesta para receber as confidências, a alegria, os infortúnios e decepções, os projetos e as ilusões do melhor amigo. Sim, procura essas pessoas, sem importar o longo caminho a ser percorrido, nem quantos os obstáculos que devam ser vencidos.


Decidido a procurá-los, o Ser Supremo vai mostrar-te o caminho. E quando souber o que é que eles fazem como pensam e o que pretendem desde que o teu espírito esteja satisfeito, e achadas todas as tuas respostas, junte-se a eles e siga-os. Mas, se mesmo depois de analisar os seus princípios, as tuas dúvidas continuarem sem resposta, então, meu Filho, saia do caminho, com a decência de um homem bem nascido. Se eu ainda for vivo, baterei palmas à tua decisão, a aceitarei, pois você terá estudado antes de definir e porque conseguiu analisar a tua escolha, ou seja, terá decidido por você mesmo, após ter pensado e raciocinado.


E, caso eu tiver passado para o Oriente Eterno, vou pedir ao Grande Arquiteto do Universo para enfeitar a tua vida com os atributos que sempre procurei para você e que, Maçom ou não, o Mundo te reconheça como sendo um homem honesto, virtuoso, justo, respeitável, oposto a todo gênero de opressão e com um profundo amor pela humanidade.


Seu Pai e Maçom com muita Honra.


Por Weber Varrasquim

O NÚMERO TRÊS, COINCIDÊNCIAS OU SIMBOLISMO?


O NÚMERO TRÊS, COINCIDÊNCIAS OU SIMBOLISMO?




Meus Irmãos, nesta minha ainda tão curta vida de aprendizado em maçonaria, e apesar da valorosa presença e disposição incondicional dos meus irmãos a me explicarem quando solicitados sobre meus questionamentos de recém-maçom, apesar dos fraternos ensinamentos que oportunamente vivenciei nas reuniões que tive a graça de participar, confesso que ainda estou perplexo com a tão vasta simbologia da ordem.


Essa presente nos paramentos, nos adornos do templo, na ritualística e por que não dizer no convívio entre os irmãos. Então gostaria compartilhar com os Irmãos que talvez instigado pelo hábito do meu ofício quando na vida profana, percebo a incessante presença do número três nos adornos e na ritualística do meu grau de aprendiz maçom.
Ora,
São 3 os princípios (Liberdade, Igualdade e Fraternidade),
3 batidas de malhete,
3 é a idade do aprendiz maçom,
3 vezes pela aclamação,
3 vezes pela bateria,
são 3 as joias móveis,
3 também são as Luzes de loja,
3 são os degraus do Oriente,
3 são os pontos na assinatura de um maçom representando três qualidades a serem cultivadas,
3 também são os lados do Delta Sagrado,
3 são os passos da macha do aprendiz,
Naquele dia sublime de iniciação, fiz 3 viagens,
Naquele mesmo dia aconteceram 3 purificações (Ar, Água, e fogo),
Três são os deveres do aprendiz maçom (pg. 118 do ritual de aprendiz),
Se dividirmos o comprimento do templo em três partes, uma delas será o Oriente e as outras duas formarão o ocidente e no centro deste, está o altar dos juramentos,
Três são os elementos presentes no altar dos juramentos (Livro da Lei, O esquadro e o compasso),
3 são os malhetes existentes em loja,
3 são os toques na falange,
Numa loja, 3 a governa,
3 são os graus da loja simbólica (Aprendiz, Companheiro e mestre),
São 3 os bastões (1º Diácono, 2º Diácono e Mestre de Cerimônias) que se unem para a abertura do Livro da Lei.
São necessários pelo menos 3 mestres maçons para a abertura dos trabalhos em loja,
No Oriente, estão 3 símbolos (Sol, Olho e a Lua),
3 são as colunas (Jônica, Dórica e Coríntia),
Na divisória que existe entre o Oriente e Ocidente, existem 3 colunas de cada lado,
3 estrelas formam a constelação de Órion,
3 são os pontos que coloco em minha assinatura,
Reconhecemos um Irmão maçom de três formas (Palavras, sinais e toques),
Por 3 vezes: Saúde, Sabedoria e Segurança na cadeia de união.
Então meu Irmão imagina que não seja coincidência a tão forte presença deste número três. Daí, buscamos investigar como esse número se comporta e qual seu significado em outras ciências, rituais e no mundo profano.


Na Matemática
O três é o Primeiro numero impar e primo;
É o único numero que é igual à soma dos seus antecessores;
Do ponto de vista geométrico é o primeiro número existente, pois se necessitam de pelo menos três pontos para formar o triângulo, que é a primeira figura geométrica;
Para Pitágoras o três era um número puro e significa liderança, força e ambição, também transmite confiança no amor e na vida, além de ser tido como a causa de toda a matéria, pois toda ela possui três dimensões.
Para os Povos
No Egito, na Índia e em Israel esse número foi considerado como um número sagrado. Para os religiosos hindus, o número três representa a trindade de Brahma, Vishnú e Shiva.


Já Para os hebreus o número três era chamado Ghimel, que é aproximadamente a nossa G e é tido como um número neutro.


Para os gregos, o três é o Gamma (Terceira letra de seu alfabeto), é também o número de sorte para os nascidos sob o signo do zodíaco de virgem e também para eles, o três, representa a origem do conhecimento.


Nos primórdios, o reino do Egito estava dividido em três partes: 1) o Alto Egito; 2) o Egito Médio; 3) Baixo Egito e reconheciam três corpos no Ser Humano:
1) Dyet, o corpo físico;
2) Ka, o corpo fluído ou astral;
3) Ba, o espírito.


Na Cabala
A Cabala consta de três variedades, nela três são os atributos da divindade, e ainda nela estão Keter (Coroa), Hockma (Sabedoria) e Binah (Inteligência).


No Budismo
Já no budismo tem se Buda (Iluminado), Darma (Lei) e Sanga (Assembleia dos fiéis).


No Cristianismo
· Três é o número da Santíssima Trindade;
· Três foi os Reis Magos que foram a Belém guiados pela estrela “mágica”;
· três foram os presentes levados ao menino Jesus;
· Três foram os evangelistas sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas);
· De acordo com as escrituras, Pedro negou três vezes a cristo antes que o galo cantasse;
· Três foram os filhos de Noé que repovoaram a terra após o dilúvio;
· Abraão viu três homens, que seriam três anjos;
· Moisés trouxe três dias de trevas sobre o Egito;
· Daniel orava três vezes por dia;
O templo de Salomão estava dividido em três partes: átrio, lugar santo e santos dos santos;
· Jesus ressuscitou no terceiro dia após sua morte;
· Na Maçonaria
· Portanto meus Irmãos percebe se nesse breve estudo, o quanto o número três esteve, está e sempre estará presente em nossas vidas. Dessa forma, em busca de maiores esclarecimentos lançamos mão de nossa literatura maçônica. Lá encontramos citações sobre um culto, um segredo, A maçonaria (3), da forma que nos reconhecemos (por S.·., T.·. e P.·.) (3), diz se também que o aprendiz foi recebido numa loja Justa, perfeita e regular (3), afirma se que para a loja estar justa e perfeita, necessita se que Três a governem, cinco a componham e sete a completem.


· Aprendemos que as três Pancadas dadas pelo Orad.·.. Significam Batei e sereis atendido, Pedi e recebereis, Procurarei e encontrareis(3).


· Que quando entre CCol.·., os aprendizes fizeram três viagens para lembrarem se das dificuldades e das atribulações da vida, bem como foram purificados pelos elementos água, ar e fogo(3).


· Afirma se que as três viagens simbolizam a conquista de novos conhecimentos. Explicita que o número Três indica os centros da Pérsia, Fenícia e Egito, lugares onde primitivamente foram cultivadas as ciências.


· Nossa literatura esclarece ainda sobre o esquadro, o nível e o prumo (3):


· O esquadro suspenso no colar do Vem.·. M.·. significa que o chefe deve ter unicamente um sentimento – o dos estatutos da ordem – e que deve agir de forma única, com retidão;


· O nível que decora o 1º Vig.·. Simboliza a igualdade social que é a base do direito natural;


· Já o prumo trazido pelo 2º Vil.·. Significa que o maçom deve ser reto no julgamento sem se deixar dominar pelo interesse nem pela afeição.


Nossa literatura traduz que a idade do aprendiz é de três anos porque, na antiguidade, esse era o tempo necessário ao seu preparo.


Garante que a diferença, o desequilíbrio e o antagonismo (3) existem no número dois, mas que cessam rapidamente, quando se lhe ajusta uma terceira unidade.
Assegura que o número três é a unidade da vida, que existe por si próprio, do que é perfeito.


Explica que o triângulo, entre as superfícies, é a forma que corresponde ao numero três, e tem a mesma significação deste.


Que o triângulo é o símbolo da existência da divindade, bem como da sua “potência produtiva” ou da evolução e que o três é o número da Luz (Fogo, Chama e Calor).


Os três são os pontos que o neófito deve se orgulhar de apor ao seu nome lembra na verdade, que esses três pontos como o delta sagrado, são um dos nossos emblemas mais respeitáveis, pois eles representam todos os ternários conhecidos e especialmente as três qualidades indispensáveis ao maçom:

· Vontade

· Amor ou Sabedoria
· Inteligência



Afirma que estas qualidades são absolutamente inseparáveis uma das outras e que devem existir em equilíbrio perfeito no candidato à iniciação para que sua iniciação seja de fato real vivida e não emblemática.


Lembra ainda que esses três pontos que se apõe ao nome de um maçom são quais as três estrelas que brilham ao Oriente da Loja.


Esclarece que em toda parte existe o número três, pois o ternário, do qual o Delta Sagrado é o mais luminoso e, talvez o mais puro emblema e, nas Lojas Maçônicas, ainda é simbolizado pelos três grandes pilares:

Sabedoria

Força
Beleza



Que representam as Três Grandes Luzes colocadas sobre o Painel da Loja, a primeira no Oriente, a segunda no Ocidente e a terceira no Sul de acordo com a orientação das “Três Portas” do Templo de Salomão.


Assim meus Irmãos, percebemos a importância e parte do significado desse número no grau de aprendiz maçom. Certamente com o nosso amadurecimento perceberemos em luz o seu valoroso sentido na sua totalidade. Imaginamos que nos graus que almejamos alcançar também teremos a oportunidade de estudar esse símbolo.


“A unidade é a lei de Deus (Ou seja, do Primeiro, o principio, A causa Imanente), A dualidade é o número da lei do universo, já a Evolução, a Lei da Natureza é o Ternário”.
(Pitágoras)


Marcos Fabiano Oliveira Mangueira – Professor de matemática e Obreiro da loja simbólica 05 de JULHO – Grande Oriente – Oriente de Conceição – PB.


Referência
Ritual de Aprendiz, Rito Escocês Antigo e Aceito – Grande Loja maçônica do Estado da Paraíba.